A hipótese que antes era descartada pelos correligionários mais próximos de Doria encontra apoio até do governador Geraldo Alckmin (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 23 de outubro de 2017 às 10h12.
Última atualização em 23 de outubro de 2017 às 16h45.
Assunção - O grupo político do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), passou a admitir reservadamente a hipótese de o prefeito se candidatar em 2018 ao governo de São Paulo e não mais à Presidência da República.
A hipótese que antes era descartada pelos correligionários mais próximos de Doria encontra apoio até do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que vê a composição entre os dois como uma forma de pavimentar de vez sua candidatura ao Palácio do Planalto no próximo ano. Até o início deste mês, Doria e seus auxiliares diretos rechaçavam com veemência essa possibilidade.
Porém, integrantes do grupo de Doria resolveram aconselhar o prefeito a buscar a composição com Alckmin ao mesmo tempo em que a popularidade do prefeito começou a sofrer desgaste, conforme as mais recentes pesquisas de opinião.
Doria deve ainda mudar de estratégia e reduzir o número de reuniões internas para intensificar agendas públicas na capital. Até agora, Doria só trabalhava com um cenário: a disputa pela Presidência.
A solução de uma aliança entre Alckmin e Doria teria a vantagem ainda de pacificar a legenda em São Paulo e consolidaria o nome do governador internamente no PSDB. Questionado sobre esse cenário, Doria deixa uma porta aberta. "Toda solicitação que venha do governador Alckmin vai merecer meu respeito e atenção", disse à reportagem em entrevista na semana passada.
Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, Doria tem 32% de aprovação, 26% de rejeição e 40% de avaliação regular entre os paulistanos. Há quatro meses, o prefeito tinha 41% de avaliação ótima/boa, 22% de ruim/péssima e 34% de regular.
Além da pesquisa que detectou um aumento da rejeição à gestão Doria, no entorno do prefeito a avaliação reservada é de que Alckmin tem, hoje, amplo favoritismo em uma eventual prévia, e que o desgaste de disputar o Planalto por outro partido seria grande.
A movimentação recente do governador, que disse na sexta-feira que se prepara para concorrer à Presidência em 2018, deixou claro que o debate interno agora se dará diretamente. Faltando um ano para as eleições, o Palácio dos Bandeirantes "colocou o bloco na rua" e vai nacionalizar o discurso do governador.
Já o discurso no entorno de Doria e Alckmin sobre a disputa em São Paulo converge: com a retaguarda do Palácio dos Bandeirantes, o prefeito seria o nome mais forte do PSDB na disputa. Para Alckmin, é mais fácil o eleitor aceitar que o afilhado "saia da capital para ajudar São Paulo" do que se arriscar na Presidência.
A resistência de Doria até agora em aceitar essa possibilidade abriu espaço no PSDB para outros interessados em concorrer ao governo. O senador José Serra (SP) já disse interlocutores que avalia disputar a indicação. Além dele, o cientista político Luiz Felipe d'Avila, o secretário estadual da Saúde, David Uip, e o secretário de Desenvolvimento Social de São Paulo, Floriano Pesaro, também têm interesse.
Procurado, o prefeito afirmou que permanecerá trabalhando por São Paulo e que não iria comentar o posicionamento dos aliados.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.