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Alckmin tenta conciliar discurso para atrair petistas

Estratégia é recuperar terreno em redutos tucanos e atrair o eleitorado historicamente petista, que deve ficar "órfão" do ex-presidente Lula.

Geraldo Alckmin: unir tucanos e petistas (Adriano Machado/Reuters)

Geraldo Alckmin: unir tucanos e petistas (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de abril de 2018 às 14h10.

São Paulo - Presidenciável pelo PSDB, o governador Geraldo Alckmin vai entrar oficialmente em pré-campanha no dia 8 de abril com uma estratégia formatada para tentar recuperar terreno em redutos tucanos e ao mesmo tempo atrair o eleitorado historicamente petista, mas que deve ficar "órfão" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se ele ficar inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A fórmula, segundo auxiliares, aliados e conselheiros do tucano ouvidos pelo Estado, é manter a defesa do aperto fiscal na economia e reforçar o tom conservador na segurança pública, mas ao mesmo tempo adotar bandeiras identificadas com a esquerda no campo social.

Em vez de falar em estado mínimo, Alckmin vai voltar às raízes da social democracia tucana e defender o fortalecimento de uma "rede de proteção social". Isso inclui um cardápio de propostas que vai de mudanças na remuneração do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para garantir ganhos acima da inflação, reformulação e ampliação do seguro desemprego, abono salarial e defesa intransigente de um programa visto como vitrine petista: o Bolsa Família.

"O Bolsa Família é uma conquista do Brasil. Criado e aperfeiçoado por vários governos desde FHC (Fernando Henrique Cardoso). Porém, a rede de proteção social vai além. Uma das nossas preocupações centrais será com o FGTS", disse ao Estado o jornalista Márcio Aith, estrategista de Alckmin e coordenador de comunicação do PSDB nacional.

Segundo ele, há um grande volume de recursos parados rendendo hoje abaixo da inflação. "Vamos dar ao fundo o mesmo status que o mercado dá aos investidores. É a correção de uma injustiça histórica. Para os trabalhadores, isso significará mais respeito e mais renda".

O cientista político Luiz Felipe D'Ávila foi incorporado à equipe de programa de governo de Alckmin, comandada por Persio Arida, para coordenar as propostas sociais.

"Nas redes sociais, o foco será mostrar como ele tem equilíbrio entre o econômico e o social. A partir do dia 8, Alckmin vai deixar de falar de sua agenda e se apresentar como candidato, com propostas consistentes", disse o publicitário Lula Guimarães, coordenador de redes sociais do governador e cotado para ser seu marqueteiro na campanha.

No campo da segurança pública, ao contrário do presidenciável e deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), Alckmin evita um discurso pró-armamento, mas planeja discutir no Congresso uma ideia controversa: apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para "dar poder de polícia às guardas municipais, cuja atribuição hoje é defender o patrimônio, e não a população".

Antipetismo

No entorno do tucano existem alguns impasses a serem superados. Parte dos conselheiros insiste que ele suba o tom e incorpore o antipetismo no discurso. Esse ajuste seria necessário para evitar o isolamento diante de uma possível polarização: Bolsonaro, de um lado, e o nome da esquerda, no outro. Alckmin resiste e prefere uma linha moderada. O tema da corrupção e inquéritos envolvendo tucanos também estão no radar.

A tentativa de "antídoto" será apresentar o governador nas redes sociais como um político austero e que não enriqueceu na política. Há também um diagnóstico geográfico: começar por recuperar e consolidar territórios azuis. O Paraná preocupa muito e por isso Alckmin estreitou laços com Álvaro Dias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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