Alckmin afirmou, nesta segunda-feira, que pode conversar com o Movimento Passe Livre (MPL) sobre a composição das tarifas de trem e metrô (Mauricio Rummens/Governo de São Paulo)
Da Redação
Publicado em 19 de junho de 2013 às 09h11.
São Paulo - Em meio aos protestos contra o aumento das tarifas do transporte público em São Paulo, que chegaram ao Palácio dos Bandeirantes nesta segunda-feira, 17, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) passou o dia todo na capital paulista e não compareceu a uma festa do seu partido em Brasília.
Nesta terça-feira, tucanos comemoraram, na Câmara dos Deputados, 25 anos do PSDB, 19 anos do Plano Real, além do aniversário de 82 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Um dos motivos da ausência de Alckmin no evento do PSDB, segundo pessoas próximas, foi a intenção de acompanhar de perto mais um dia de manifestações em São Paulo.
Alckmin afirmou, nesta segunda-feira, que pode conversar com o Movimento Passe Livre (MPL) sobre a composição das tarifas de trem e metrô. Integrantes do governo avaliam, porém, que uma redução no valor é pouco provável. Eles argumentam que o aumento já foi atrasado em quatro meses a pedido do governo federal e ficou abaixo da inflação no período.
Uma das bandeiras da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), a desoneração do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que incide sobre o diesel também teria pouco impacto nas tarifas dos transportes controlados pelo Estado, na avaliação do governo. Boa parte da rede é de transporte sobre trilhos.
Além disso, a redução que a medida poderia trazer para as passagens de ônibus intermunicipais, por exemplo, é pequena se comparada com o esforço que deverá ser feito para evitar fraudes na compra do diesel por outras categorias que não sejam motoristas de ônibus.
Por dentro
Enquanto alguns manifestantes tentavam forçar a entrada no Palácio dos Bandeirantes na noite de anteontem, O governador e alguns secretários mais próximos acompanhavam o movimento de dentro da sede do governo. Eles estavam lá quando uma parte do movimento conseguiu quebrar o portão do palácio e foi reprimido pela Polícia Militar.
Alckmin ficou no palácio até por volta da 1h30, quando saiu para sua casa. A cúpula do governo ainda permaneceu no local por mais uma hora, passando informações ao governador por telefone.
Os secretários esperavam que o protesto fosse se dispersar, mas um grupo de cerca de 30 pessoas preferiu passar toda a madrugada na frente do Portão 2 do prédio. Cerca de 10 pessoas continuavam lá no início da noite de ontem.
A rotina na sede do Executivo não foi alterada pelo protesto, segundo funcionários do local.
Nesta terça, Alckmin não teve agenda aberta à imprensa e não se pronunciou oficialmente sobre os protestos. Pela manhã, recebeu prefeitos de cidades do interior para assinar convênios com a Secretaria Estadual de Agricultura.
À tarde, também no palácio, participou de reunião para tratar da Defesa Civil de alguns municípios. Embora o grupo que estava na porta do palácio não incomodasse, a preocupação é que a passeata que começou no centro fosse para o Morumbi à noite.
O governo do Estado enviou uma nota dizendo que os protestos contra o aumento das tarifas do transporte ganharam uma "dimensão nacional" e parabenizou o "diálogo entre a Secretaria de Segurança Pública e os líderes do movimento".
O texto classificou as pessoas que tentaram invadir o Palácio dos Bandeirantes como uma minoria política radical. "Fracassou, portanto, a tentativa de uma minoria política radical de usar ações violentas para criar distúrbios e desvirtuar a manifestação. Venceram o diálogo e o bom senso", disse o texto.