Fernando Haddad: "Como o Alckmin diz que vai melhorar a saúde se ele participa do governo Temer? Por que já não fizeram isso?" (Facebook/Lula/Reprodução)
Estadão Conteúdo
Publicado em 9 de agosto de 2018 às 23h55.
Última atualização em 9 de agosto de 2018 às 23h59.
São Paulo - Numa transmissão realizada ao vivo pelas redes sociais para compensar a ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no debate televisivo entre candidatos à Presidência da República que a Band levou ao ar nesta quinta-feira, 9, o vice na chapa de Lula, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, dedicou boa parte da sua fala para direcionar ataques ao PSDB do candidato Geraldo Alckmin e ao MDB do presidente Michel Temer e do candidato Henrique Meirelles.
"O Temer, apoiado pelo PSDB, deu um reajuste de salário mínimo abaixo da inflação. Isso significa que o trabalhador humilde vai perder poder de compra", disse Haddad. "Temer também aprovou uma maluquice que é o teto de gasto, que congela os gastos por 20 anos. O PSDB e o MDB sustentam que essa medida é correta", afirmou.
A Band chegou a convidar Lula para o debate desta quinta-feira, mas o ex-presidente foi impedido pela Justiça. O petista está preso desde abril por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Para tentar compensar a ausência de Lula, o PT realizou uma transmissão ao vivo com a participação de Haddad, de Manuela D'ávila (PCdoB), que será a vice na chapa após a definição legal sobre a candidatura de Lula, da presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), e de Sérgio Gabrielli, que foi presidente da Petrobras durante boa parte dos governos petistas e hoje coordena a campanha petista.
A transmissão do PT buscou interagir com o que diziam os demais candidatos na Band. Depois de Alckmin afirmar que iria melhorar a saúde em um eventual governo seu, Haddad rebateu: "Como o Alckmin diz que vai melhorar a saúde se ele participa do governo Temer? Por que já não fizeram isso? O PSDB é a base de sustentação do governo Temer no Congresso", disse.
O vice de Lula afirmou também que vários candidatos que participam do debate, além de Alckmin, dão sustentação ao governo atual. Pouco depois, enfatizou que Alckmin e Meirelles são os candidatos que representam a continuidade de Temer.
Em outro momento, quando Alckmin prometeu aumentar os salários, Gabrielli disse que o tucano e seu partido são responsáveis pela situação vivida pelo País hoje. "Eles não podem fugir da responsabilidade que tiveram", disse o ex-presidente da Petrobras. "E quem deu o golpe foi o PSDB. O MDB foi só um instrumento", afirmou Gleisi.
Na única menção ao candidato Jair Bolsonaro (PSL), quando o deputado federal condicionou a flexibilização de leis trabalhistas à geração de emprego, Haddad disse que era difícil comentar o que afirmava Bolsonaro em razão da "dificuldade de argumentação" do militar.
Os comentários dos petistas eram intercalados por alguns vídeos gravados de Lula, nos quais ele relembrava conquistas do seu governo e explicava algumas de suas propostas para o Brasil, em especial para a recuperação da economia. A transmissão também mostrou depoimentos de cidadãos comuns que apoiam o ex-presidente, como o de um desempregado que disse ter vontade de voltar a trabalhar.
Além dos ataques ao PSDB e ao MDB, Haddad afirmou que o PT vai levar a candidatura de Lula "até as últimas consequências". "É muito importante que Lula tenha as prerrogativas de um cidadão comum. Não queremos que Lula seja tratado acima da lei, mas que também não seja tratado abaixo da lei", afirmou. "A decisão judicial que impediu Lula de participar do debate foi antidemocrática e é incompatível com a legislação atual", disse.