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Alckmin deve privatizar dois monotrilhos de São Paulo

Modelo de concessão prevê outorga, um pagamento em dinheiro por parte da empresa privada que, em troca, recebe cota por passageiro transportado

Monotrilho de SP: obras das linhas estão atrasadas há pelo menos três anos (Germano Lüders/Exame)

Monotrilho de SP: obras das linhas estão atrasadas há pelo menos três anos (Germano Lüders/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de fevereiro de 2017 às 11h27.

São Paulo - Os dois monotrilhos em construção na capital serão concedidos à iniciativa privada até junho, segundo a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos.

O governo deve lançar já no mês que vem o edital para a concessão da Linha 17-Ouro, o monotrilho da zona sul, em conjunto com a Linha 5-Lilás, do metrô convencional, e ainda no primeiro semestre o edital para a Linha 15-Prata, na zona leste, que já tem um trecho em operação.

As linhas, com obras atrasadas há pelo menos três anos, serão concedidas em um modelo que prevê uma outorga - um pagamento em dinheiro do agente privado interessado.

Em troca, a empresa vencedora terá direito a um valor em dinheiro por passageiro transportado. O projeto da Linha 17 já havia sido anunciado pelo governo.

Na Linha 15, o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso, por meio da Lei de Acesso à Informação, aos estudos técnicos que darão base à mudança.

No estudo, a proposta de concessão é justificada como um mecanismo "para o enfrentamento do cenário de operação deficitária da malha metroferroviária do Estado, de forma que a delegação da operação e da manutenção da Linha 15 contribuirá não só para a redução desse déficit, mas também para a geração de receitas para o Estado".

Modelo

A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) estima valores de outorga que chegam a até R$ 313 milhões para o parceiro privado operar a Linha 15 e uma remuneração de R$ 1,50 por passageiro transportado.

A licitação deverá ser vencida por quem aumentar o valor dessa outorga. O vencedor terá de se responsabilizar pela operação das estações e pela manutenção dos trens do monotrilho, fabricados pela canadense Bombardier.

Quando a Linha 15 estiver pronta, os estudos apontam demanda de 303 mil passageiros por dia. A concessão deve ser por 30 anos.

Considerando a possibilidade de o parceiro ter receitas acessórias (como aluguel de espaços nas estações e venda de espaços publicitários), os técnicos estimam taxa de retorno - a remuneração que o parceiro pode ter - em até 10% do valor investido pela empresa.

O secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, afirma que os valores por passageiros no estudo tiveram de ser pensados levando em consideração o fato de que a rede manterá, mesmo com as concessões, a gratuidade entre as integrações.

"O passageiro que entrar na Linha 15 circulará por toda a rede. Com esse valor, o parceiro recebe apenas por seu trecho." Ele ressalta, entretanto, que o valor definitivo será determinado após a audiência pública para a concessão da linha, que será no próximo mês de abril.

Pelissioni afirma que o Estado decidiu acelerar as concessões porque as obras voltaram a caminhar em um ritmo a contento. "Já temos os pilares construídos e vamos entregar as estações até março do ano que vem. Estamos contratando o paisagismo na parte de baixo das estações", afirma. A ideia é que ambas as linhas - além da extensão da Linha 5 - já sejam operadas por parceiros privados assim que inaugurarem.

Administração

Com mais essas concessões, o secretário prepara um modelo de operação em que o Metrô estatal será responsável apenas por parte da malha, as Linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha.

A Linha 4-Amarela já é operada por uma empresa privada, a ViaQuatro, escolhida por meio de uma parceria público-privada em que teve de comprar trens.

As Linhas 5-Lilás e 17-Ouro serão operados por uma terceira empresa. Outro grupo ficará com a Linha 15. E há ainda o consórcio Move SP, encarregado da Linha 6-Laranja, para a zona norte. As obras desse ramal, porém, estão paradas há quase seis meses por falta de financiamento.

Para Bruno Pereira, coordenador da organização PPP Brasil, o plano para a Linha 15 é "um modelo clássico de arranjo contratual de longo prazo" empregado no País, amplamente usado na concessão de rodovias e aeroportos.

O mercado, de acordo com Pereira, "aguarda com bastante ânimo para obter mais informações sobre o projeto".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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