PSDB: alckmistas e serristas querem uma divisão mais justa de poderes no partido, impulsionados pela vitória de João Doria em SP (Raphael Martins/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 11 de outubro de 2016 às 09h42.
Brasília - Alas do PSDB ligadas ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e ao ministro José Serra (Relações Exteriores) começaram um movimento para ganhar espaço na estrutura partidária e no Congresso, atualmente controlados pelo senador Aécio Neves (MG).
Além de presidente nacional da legenda, o mineiro tem aliados tanto na liderança da Câmara, com o deputado Antônio Imbassahy (BA), quanto na do Senado, com o senador Cássio Cunha Lima (PB).
Alckmistas e serristas defendem um acordo com Aécio para conseguir uma "divisão mais equânime" entre os grupos na Executiva Nacional e nos postos que o partido tem ou terá no Congresso. Os três são cotados como nomes do partido para a disputa pela Presidência da República em 2018.
Fortalecido após a eleição de João Doria (PSDB) para Prefeitura de São Paulo no primeiro turno contra o atual prefeito da cidade, Fernando Haddad (PT), o grupo de Alckmin diz que é preciso "equilibrar" a divisão de espaços na legenda.
"O partido tem que contemplar a realidade das forças políticas que emergiram das urnas e procurar harmonizá-las para convergir para a unidade", afirmou o deputado Silvio Torres (SP), secretário-geral do PSDB e do grupo de Alckmin.
Reservadamente, outros aliados do governador paulista afirmam que Aécio não poderá ignorar a força do governador paulista, após a eleição de Doria, mesmo que Alckmin tenha uma influência menor sobre as bancadas na Câmara e no Senado.
A primeira divisão de espaço deve se dar na eleição para liderança do PSDB na Câmara, marcada para dezembro, e na indicação do partido para disputar a presidência da Câmara, em fevereiro de 2017. Aliados de Serra defendem uma articulação "casada" entre os dois postos.
Hoje, tanto o grupo de Aécio quanto o de Serra almejam a indicação para a presidência da Casa. Entre os aecistas, os nomes levantados são Imbassahy e Carlos Sampaio (SP). Do grupo de Serra, o deputado Jutahy Junior (BA) também quer concorrer ao posto.
Jutahy, porém, não descarta disputar a liderança do partido na Câmara, desde que haja um acordo pelo seu nome entre os diferentes grupos do partido. Próximo de Aécio, o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), também disputa a indicação.
Aliados de Aécio reconhecem que o senador terá de fazer gestos a Alckmin e Serra nas disputas internas, até mesmo em busca de apoio para seu principal projeto: conseguir apoio para ser escolhido candidato a presidente do PSDB em 2018.
"Vai ser um grande acordo, em que cada um vai entender o passo que pode dar. Não seria um recuo, é reconhecer que o partido cresceu e que tem mais de um com sonho de ser presidente da República", diz o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), ligado a Aécio.
Tucanos próximos do senador mineiro afirmam considerar que, nesses gestos, Aécio deve tentar preservar ao máximo o comando partidário e garantir a eleição de um presidente da Câmara ligado a ele. Procurado via assessoria, Aécio não se pronunciou.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.