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Ajuste fiscal é insuficiente e não alivia missão do BC, diz Banif

Economista Mauro Schneider afirma que muitas despesas foram apenas adiadas para os próximos anos

Mantega e Belchior detalham os cortes, que, em sua maioria, não são permanentes (Wilson Dias/Agência Brasil)

Mantega e Belchior detalham os cortes, que, em sua maioria, não são permanentes (Wilson Dias/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 1 de março de 2011 às 11h27.

São Paulo – O corte de gastos de R$ 50 bilhões, detalhado pelo governo nesta segunda-feira (28), é pequeno e, em vários pontos, apenas adia despesas para os próximos anos. Isso faz com que o Banco Central não possa moderar a política monetária.

A avaliação é do economista-chefe do Banif Investment Bank, Mauro Schneider, que participou nesta terça-feira (1º) do programa “Momento da Economia”, na Rádio EXAME.

“Quando a gente pensa em 2012, fica difícil acreditar que haja espaço para uma moderação da política monetária. Você tem uma mera postergação de algumas despesas e uma forte majoração já contratada do salário mínimo no próximo ano.”, diz Schneider, que prevê uma alta de meio ponto percentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que termina nesta quarta-feira (2).

O economista tem uma visão cética em relação ao efeito do ajuste fiscal sobre a atividade econômica e as expectativas inflacionárias. “O primeiro ponto de ceticismo – e de certa forma de desapontamento – tem relação com o tamanho do pacote. O ideal seria mirar num superávit primário em 2011 semelhante àquele que o setor público gerava antes da crise, numa faixa entre 3,2% e 3,5% do PIB. Desde o anúncio do corte de R$ 50 bilhões, era visível que o governo não estava mais mirando nesse tipo de alvo. Os cálculos indicam que isso levará, na melhor das hipóteses, a um superávit em torno de 2,7% do PIB.”

Outra crítica feita por Mauro Schneider envolve a qualidade do ajuste fiscal. “Não há, infelizmente, nenhum avanço na questão de cortes permanentes de gastos. Muito do que é anunciado é uma mera postergação para um ano futuro. Quando você diz que não vai reformar imóveis nem comprar automóveis novos, você está meramente postergando essa despesas.”

Outro exemplo citado pelo economista é o ajuste no Ministério da Defesa, que vai adiar – e não cancelar – a aquisição de aeronaves militares. Além disso, o adiamento significa um impacto muito limitado na demanda doméstica, já que os fornecedores seriam estrangeiros. “Enfim, há uma percepção de má qualidade no ajuste fiscal, que não surpreende, mas é desanimador.(...) O governo tinha que ser mais audacioso nesse sentido, mas infelizmente não está sendo.”

Na entrevista (para ouvi-la na íntegra, clique na imagem ao lado), o economista-chefe do Banif Investment Bank avalia o peso que será dado pelo Banco Central ao cenário internacional, que inclui uma lenta recuperação dos países desenvolvidos em meio a risco inflacionários gerados pela alta das commodities – em especial, do petróleo.

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