Mourão: para o vice-presidente, auxílio de R$ 600 é uma "dívida justa" (Ricardo Moraes/Reuters)
Clara Cerioni
Publicado em 2 de abril de 2020 às 16h51.
Última atualização em 2 de abril de 2020 às 18h14.
O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, afirmou nesta quinta-feira, 02, que o país ainda está no período pré-pico da epidemia do novo coronavírus, e sua previsão é que o pico aconteça entre 20 e 25 de abril.
Em bate-papo com o jornalista Augusto Nunes, no canal do BTG Pactual, do mesmo grupo que controla a EXAME, Mourão avaliou que ainda são necessárias medidas de isolamento social para não sobrecarregar os sistemas de saúde.
"O que ainda está acontecendo hoje é que o vírus entrou no Brasil por meio de pessoas que viajaram no exterior, que são ligadas às classes mais favorecidas. E ainda está assim. Estamos no momento pré-pico da doença", disse o vice-presidente.
Para ele, as medidas de isolamento social devem ser aplicadas "no sentido de passarmos por esse mês de abril, em que se espera que o pico diminua, e alcancemos o achatamento da curva". Isso permite tanto preparar o sistema de saúde para os doentes quanto receber os insumos necessários.
Depois disso, Mourão prevê que haverá um processo de fim do isolamento de forma "lenta, gradual e segura", evocando o processo de abertura política da ditadura durante o governo Ernesto Geisel.
Na entrevista, Mourão disse que o auxílio de R$ 600 aprovado pelo Congresso Nacional para informais, intermitentes inativos e microempreendedores é uma "dívida justa", mas que não pode se tornar uma "despesa recorrente".
A preocupação inicial, no entanto, é identificar as pessoas que precisam do benefício e fazer com que o dinheiro chegue nas mãos delas de forma rápida.
Ele sugere que a Caixa Econômica "com toda a sua capilaridade" pode ser capaz de fazer que esse recurso chegue a quem necessita.
Mourão também mencionou que segue na Coordenação do Conselho da Amazônia, que teve sua primeira reunião ontem.
Apesar do foco atual estar no combate ao coronavírus também na região, está em curso uma preparação para o período de seca e o eventual impacto disso na alta de queimadas.
"Essa outra frente vai emergir por julho e agosto, e daí vai ser outra pressão por cima do nosso governo, então vamos atacar isso desde já", disse Mourão.
Veja a conversa completa: