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Agricultores cobram políticas para produção no Semiárido

Diretora do Sindicato dos Trabalhadores de Remígio defendeu saberes tradicionais dos trabalhadores e tecnologias locais, como cisternas


	Semiárido brasileiro: debate sobre políticas públicas para o Semiárido encerrou o 3º Encontro Nacional de Agricultoras e Agricultores do Semiárido
 (Wilson Dias/ABr)

Semiárido brasileiro: debate sobre políticas públicas para o Semiárido encerrou o 3º Encontro Nacional de Agricultoras e Agricultores do Semiárido (Wilson Dias/ABr)

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Da Redação

Publicado em 31 de outubro de 2013 às 17h37.

Campina Grande - Reunidos no 3º Encontro Nacional de Agricultoras e Agricultores Experimentadores do Semiárido, os produtores rurais reivindicaram hoje (31) de representantes dos ministérios do Desenvolvimento Agrário e do Meio Ambiente e do Instituto Nacional do Semiárido (INSA) políticas públicas para melhorar a produção agrícola.

"Os agricultores do Semiárido não querem mais aquelas políticas que só viam a gente como necessitados da seca. Não queremos ficar na dependência de carros-pipa, aguardando a próxima seca voltar. Queremos produzir de forma sustentável. Para isso, precisamos garantir o acesso adequado à água”, disse diretora do Sindicato dos Trabalhadores de Remígio, no agreste paraibano, Roselita Victor da Costa.

Roselita defendeu os saberes tradicionais dos trabalhadores e tecnologias locais, como as cisternas para captação da água da chuva.

"Assegura o acesso à água em períodos de escassez e responde à ideia de que o Semiárido é um lugar que não tem possibilidade de desenvolvimento", declarou.

"Na medida em que nós propomos esta política [de cisternas] ela está democratizando o acesso à água nos sítios", completou a coordenadora da Articulação do Semiárido na Paraíba, Glória Batista.

Ela defendeu a aproximação do conhecimento tradicional dos agricultores com o conhecimento técnico e acadêmico como uma caminho para a construção de políticas públicas para a região. "Esse conhecimento precisa ser cada vez mais valorizado para construir a convivência com o Semiárido", disse.

Glória também defendeu mais agilidade e incentivo para a compra das sementes crioulas, produzidas pelos agricultores. "Temos uma diversidade e riqueza de sementes, vindas das antigas gerações. A gente não quer as sementes envenenadas. Nós precisamos de políticas públicas que fortaleçam as nossas sementes", ressaltou.

O secretário de Segurança Alimentar do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Arnoldo de Campos, disse que o governo vem desenvolvendo políticas voltadas para a convivência com o Semiárido. Segundo ele, programas como o Bolsa Família, o Garantia Safra, uma ação do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) voltada para os agricultores e as agricultoras familiares da região tem garantido o acesso a recursos para a produção e períodos de estiagem.

"Começa com o Bolsa Família, passa pelo Garantia Safra, que quando vem a seca o governo repassa um recurso mensal para o agricultor a fim de que ele mantenha a sua capacidade de renda. O microcrédito, o Pronaf[Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar], Pronaf B foram ajustados no último plano safra”, disse.

Campos também citou o Plano Nacional de Agroecologia e os programas de compras como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) como instrumentos de incentivo à produção agrícola do Semiárido.

Já o diretor do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Inácio Salcedo, disse que o órgão está buscando contato com os agricultores para, a partir dos saberes tradicionais, sistematizar novas tecnologias de convívio com a região. "Por meio do aprendizado que estamos tendo com agricultores experimentadores estamos buscando montar uma gestão de informação dos conhecimentos acumulados por eles e que posteriormente possa ser difundido para os agricultores da região", disse.

O debate sobre políticas públicas para o Semiárido encerrou o 3º Encontro Nacional de Agricultoras e Agricultores do Semiárido, que promoveu a troca de experiência entre os produtores e também tratou de temas como o manejo agroecológico do solo, a produção e troca de sementes crioulas, além do lançamento de publicações e apresentações culturais que promoveram reflexão sobre a realidade do semiárido.

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