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Agora todos amam Levy. Suas ideias, nem tanto

O ministro da Fazenda que Levy era no início não existe mais


	Mudança: o ministro da Fazenda que Levy era no início não existe mais
 (REUTERS/Mike Theiler)

Mudança: o ministro da Fazenda que Levy era no início não existe mais (REUTERS/Mike Theiler)

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Da Redação

Publicado em 4 de setembro de 2015 às 14h04.

Após o dólar superar R$ 3,81 e a disparada dos juros no mercado levar o Tesouro a suspender um leilão de títulos, uma operação foi montada nesta quinta-feira para garantir que Joaquim Levy continue no governo.

Empresários pediram a sua permanência, também defendida por Lula, pelo vice- presidente Michel Temer e assegurada por outros ministros. Nada se falou, porém, sobre apoiar as ideias que o ministro defende mas não consegue implementar.

“O Levy ficou. Mas aquele ministro da Fazenda que chegou no começo do governo não existe mais”, diz o economista Nathan Blanche, sócio da consultoria Tendências.

“O déficit do orçamento foi o último golpe sobre o tripé macroeconômico, pois a inflação já estava acima da meta e o câmbio foi parte do estelionato eleitoral, com o dólar sendo controlado para segurar os preços sem aumentar os juros”.

Quem deu a maior bandeira sobre o “amor relativo” por Levy foi Lula. Segundo relatam os jornais, o ex-presidente reuniu-se com Dilma ontem e disse que ela precisa manter o ministro.

Ao mesmo tempo, Lula teria pedido alívio no ajuste fiscal e estímulos às empresas. Pelo que se sabe, Levy defende o oposto: o mais rigoroso ajuste fiscal possível, para que a confiança volte depressa, e menos crédito subsidiado, que custa caro ao Tesouro.

Jornais também dizem que Dilma resolveu se comprometer com o superávit fiscal de 0,7% do PIB em 2016 para manter Levy no cargo. No entanto, entrevista da presidente nesta sexta-feira mostra que seu foco é buscar novas fontes de receita, eufemismo para aumento de impostos.

Levy, embora não descarte aumentos de impostos, tem enfatizado a necessidade de interromper o aumento de despesas, esta a verdadeira causa da deterioração fiscal, que começou muito antes da queda da receita provocada pela atual recessão.

Entrevistas dadas por colegas de Levy como Aloizio Mercadante, da Casa Civil, e Nelson Barbosa, do Planejamento, também mostram que as ideias de Levy, ainda que possam ser consideradas, não são necessariamente as que conduzem a área econômica. Barbosa disse que a construção da política econômica é coletiva, todos são ouvidos. Para Mercadante, Levy “ajuda” o governo.

Dizer que decisões são coletivas pode soar como algo normal. Contudo, não é assim que tem acontecido no Brasil pelo menos desde o governo Itamar Franco, quando Fernando Henrique foi ministro da Fazenda.

FHC comandou a equipe que criou o real com apoio de Itamar e não se sabe de ele ter condicionado a linha do plano às ideias de ministros de outras pastas.

A proeminência da Fazenda na área econômica vem de longo tempo e só foi quebrada nos anos 80, quando Delfim Netto ocupou o Planejamento. Foi assim também com Pedro Malan, no governo FHC, Antonio Palocci e Guido Mantega nos governos do PT.

Quando Levy chegou ao governo Dilma, os investidores se animaram com a esperança de que ele ditaria rumos totalmente oposto às políticas do 1º mandato da presidente.

Mas, o que se viu até agora, foi Levy perder seguidas disputas em questões que, em tese, deveriam ser da alçada primordial do titular da Fazenda.

O mercado financeiro realmente confia em Joaquim Levy, diz Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs em Nova York.

“O Levy é persistente. Portanto, se ele fracassa em direcionar o governo para os ajustes necessários, é um sinal muito negativo. Se ele não pode fazer, quem poderá?”.

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