Bernardo Figueiredo: "não temos no governo essa boa prática de pensar em soluções e prepará-las. A criação da EPL teve, justamente, a intenção de reverter esse quadro." (Valter Campanato/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 3 de dezembro de 2013 às 14h14.
Brasília - A agenda eleitoral impôs-se às questões técnicas que envolvem as concessões de rodovias e ferrovias, avaliou nesta terça-feira, 3, o presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo. Ele deixa o cargo nesta terça-feira para dar lugar ao ex-ministro dos Transportes Paulo Sérgio Passos.
"Queremos que, a partir de 2015, não tenhamos mais esse problema", afirmou Figueiredo. "Não temos no governo essa boa prática de pensar em soluções e prepará-las. A criação da EPL teve, justamente, a intenção de reverter esse quadro." Ele, que permaneceu na EPL desde a criação, há um ano e seis meses, afirmou que a estatal desenvolveu uma série de estudos para a concessão de mais lotes de rodovias, ferrovias e portos no futuro.
De acordo com Figueiredo, cerca de 4 mil projetos foram avaliados e 400 foram determinados como prioritários para o aumento da produtividade do País nos próximos três anos. Segundo o presidente da EPL, porém, são necessários dois anos de prazo entre a preparação de um projeto e a licitação. "Eu acho que é normal ter esse prazo e essa demora. O que a gente observa é que nós também não temos investidores, capacidade instalada para executar programa desse tamanho, um dos maiores do mundo", afirmou.
Com esses projetos prontos, conforme Figueiredo, não será mais preciso seguir uma agenda eleitoral. "Quando se lança um programa, cria-se uma expectativa de contratação desse programa. Mas há um longo caminho a percorrer, que deve ser preparado, e uma variável que não tem controle, que é o debate com Estados, municípios, entidades e investidores."
Coube à EPL ainda a obtenção do licenciamento ambiental para os trechos de rodovias que fazem parte do programa. Isso foi feito para evitar que as empresas atribuíssem à obtenção da licença dificuldades com atrasos nas obras. Mas mesmo essa tarefa não saiu no prazo determinado pelo governo.
"Não adianta querer fazer em seis meses se eu tenho de fazer uma pesquisa de fauna no período de chuva e de seca. Isso leva de um ano a um ano e meio", afirmou. "O trabalho é fazer as coisas de forma mais articulada para que o governo possa ser mais eficiente." Embora nunca tenha tido a intenção de permanecer na EPL por um longo período, o presidente da empresa decidiu deixar o cargo praticamente um ano antes do planejado. "Considero que parte do meu trabalho foi concluída, por isso estou deixando a empresa. E nas melhores mãos possíveis", afirmou.