Calheiros: o senador rebatia o comentário de Cunha de que as denúncias envolvendo parlamentares teriam um tratamento diferenciado no Supremo Tribunal Federal (STF) (Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 13 de setembro de 2016 às 15h04.
Brasília - Um dia após a cassação de Eduardo Cunha (PMDB), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), buscou se distanciar da imagem do ex-presidente da Câmara.
"Afasta de mim esse cálice", brincou o senador, ao rebater o comentário de Cunha de que as denúncias envolvendo parlamentares teriam um tratamento diferenciado no Supremo Tribunal Federal (STF).
"Tem uma denúncia contra o presidente do Senado Federal há três anos e seis meses e não acontece nada", disse Cunha, ao afirmar que a denúncia contra ele foi aceita de maneira mais célere do que o normal pelo STF.
Cunha é réu em dois processos no Supremo e é alvo de investigação em outras sete frentes. Já Renan não é réu, mas é investigado em 12 inquéritos na Suprema Corte.
Apesar de serem correligionários, eles fazem parte de alas diferentes dentro do PMDB. "Eu não quero de forma nenhuma falar sobre isso (cassação de Cunha), mas quem planta vento, colhe tempestade, isso é uma lei da natureza", comentou o presidente do Senado.
"Não sou especialista em Cunha, não gostaria nem de falar sobre isso. Afasta esse cálice de mim", reforçou.
Renan considera que a agenda do Congresso vai melhorar com o afastamento de Cunha e a gestão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). "Do ponto de vista da agenda as coisas vão melhorar", avaliou.
Ele está otimista em relação às mudanças aprovadas nesta terça-feira, 13, pela Comissão e Constituição e Justiça do Senado (CCJ), a respeito da cláusula de desempenho e fim das coligações.
"Com o Rodrigo Maia vamos ter condições de que essa reforma possa ser aprovada (também) na Câmara."
Para ele, a política é "a primeira das reformas" e deve ter prioridade na pauta de votação. Os senadores discutirão a matéria no plenário da Casa ainda nesta quarta-feira, 14, e a expectativa de Renan é aprovar o texto em poucos dias.
Já em relação a reforma da Previdência, o presidente do Senado não tem pressa. O governo tem sido pressionado pelo PSDB para que a reforma seja apreciada antes das eleições municipais, em outubro.
"Não acredito que a discussão (da reforma da Previdência) seja sobre a data, se será antes ou depois da eleição, acho que o governo está precisando definir um modelo de reforma consistente.
É importante fazer a reforma, vamos nos dedicar, mas é errático defender a reforma como saída para todos os problemas econômicos. Tem que ter regra de transição e respeitar os direitos adquiridos", alegou.
Na pauta desta terça, Renan quer colocar em votação o projeto da securitização de ativos, que permite à União, Estados e municípios venderem ao mercado créditos que têm a receber dos contribuintes.
Ele também quer colocar em análise um projeto de enfrentamento ao tráfico de pessoas, além de iniciar a discussão do projeto da reforma política.