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Afastamento de ministro do Trabalho enfraquece ainda mais Temer

Fontes indicam que postura inicial do governo era tentar desviar problema para o PTB, sigla que controla o ministério desde que Temer assumiu a Presidência

Michel Temer: a poucos meses da eleição, PTB deixa de ter motivos para dar apoio ao presidente no Congresso (Adriano Machado/Reuters)

Michel Temer: a poucos meses da eleição, PTB deixa de ter motivos para dar apoio ao presidente no Congresso (Adriano Machado/Reuters)

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Reuters

Publicado em 5 de julho de 2018 às 15h44.

Última atualização em 5 de julho de 2018 às 17h26.

Brasília - O afastamento do ministro do Trabalho, Helton Yomura, determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira por suspeita de envolvimento em um esquema de concessões irregulares de registros sindicais, amplia imbróglio que atinge o ministério desde o final do ano passado e debilita ainda mais o presidente Michel Temer.

Sem comentários oficiais de imediato do governo, fontes do Planalto ouvidas pela Reuters indicaram que a postura inicial do governo era tentar desviar o problema diretamente para o PTB, partido que controla o ministério desde que Temer assumiu a Presidência da República.

Mas o anúncio do PTB de colocar o "Ministério do Trabalho à disposição do governo Temer" devolveu a bola ao colo do Planalto. Está previsto que o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, dê uma entrevista à imprensa após cerimônia no Palácio do Planalto.

Segundo uma das fontes, Marun esteve em reunião com Temer e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

O impasse no ministério teve início no fim do ano passado, quando Ronaldo Nogueira anunciou que deixaria o cargo para tentar a reeleição à Câmara dos Deputados em outubro deste ano. O PTB indicou o deputado Pedro Fernandes (MA) para substituí-lo. Mas a proximidade do parlamentar com o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) --opositor ferrenho do governo Temer-- levou a um veto a seu nome.

No início de janeiro, o presidente do PTB, ex-deputado Roberto Jefferson, indicou sua filha, a deputada Cristiane Brasil, para o cargo. Condenada em processo trabalhista, Cristiane viu sua indicação questionada, levando a uma batalha jurídica que só acabou no final de fevereiro, com a desistência da deputada de ocupar o cargo.

Yomura assumiu o ministério de forma provisória inicialmente, sendo efetivado apenas em abril.

No mês seguinte, a Polícia Federal lançou a primeira fase da operação Registro Espúrio, quando fez buscas nos gabinetes de deputados, nas sedes do PTB e Solidariedade e em centrais sindicais.

Na segunda etapa, lançada em junho, o principal alvo foi a deputada Cristiane Brasil. Nesta quinta-feira, com a terceira fase, o ministro Helton Yomura foi afastado.

Além de abrir mão do controle do ministério, Jefferson defendeu as investigações e negou participação em qualquer irregularidade.

"Como já foi dito, se houve irregularidade na pasta caberá aos responsáveis responder à Justiça por seus atos", diz Jefferson em nota.

"Não concordamos, todavia, com inferências divulgadas antes que as investigações estejam concluídas. Pessoalmente, insisto: não participei de qualquer esquema espúrio no Ministério do Trabalho. E acrescento que minha colaboração restringiu-se a apoio político ao governo para que o PTB comandasse a pasta."

A poucos meses da eleição e do final do governo, com esse movimento, o PTB deixa de ter motivos para dar apoio a Temer no Congresso.

Na semana que vem, o PTB deve anunciar seu apoio ao pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin.

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