Aécio Neves (PSDB) durante visita à fábrica da Voith no Jaraguá, em São Paulo (Orlando Brito/Coligação Muda Brasil)
Da Redação
Publicado em 7 de agosto de 2014 às 16h50.
Brasília - Um governo tucano retomaria a livre flutuação da taxa de câmbio, caso o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, seja eleito em outubro, disse à Reuters um dos coordenadores do programa econômico da campanha.
“Caso eleito, o governo Aécio Neves terá como objetivo acabar com o populismo cambial imposto pelo governo da presidente Dilma Rousseff e voltar com a livre flutuação da taxa de câmbio”, disse o economista Mansueto Almeida, que ingegra a equipe de coordenação do programa econômico do senador mineiro ao lado do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e dos economistas Luiz Mendonça de Barros e Samuel Pessôa.
Desde agosto do ano passado, o Banco Central sob o governo da presidente Dilma Rousseff mantém um programa de intervenção no câmbio com o objetivo de diminuir a volatilidade do mercado.
Isso começou quando a moeda norte-americana se aproximou de 2,45 reais, diante de incertezas sobre o rumo da política monetária ultraexpansionista do banco central norte-americano.
No fim de junho, o BC anunciou a extensão do programa de intervenção pelo menos até o fim do ano sem alterações, apesar de expectativas de que pudesse reduzir a oferta de hedge cambial.
Além da oferta diária de swap cambial, equivalente a venda futura de dólares, o BC disse que poderá fazer operações adicionais se julgar necessário.
Para a campanha de Aécio, o correto é manter a livre flutuação.
"O reequilíbrio da taxa de câmbio graças à livre flutuação vai melhorar o desempenho da balança comercial, resultando em uma diminuição no déficit em transações correntes”, disse Mansueto em nota com respostas a questionamentos da Reuters.
"Com isso, as contas externas do país vão entrar em um ciclo virtuoso, de atração de mais investimentos e melhoria do saldo comercial”, acrescentou o coordenador tucano.
Na semana passada, durante evento com empresários na Confederação Nacional da Indústria (CNI), Aécio citou entre as seis diretrizes para melhorar a competitividade industrial a necessidade de um real menos valorizado para ajudar nas exportações de produtos manufaturados.
Durante sua explanação na CNI, o candidato não deu detalhes de qual seria a taxa de câmbio ideal para ajudar os exportadores e tampouco quis comentar após o evento que medidas tomaria para melhorar essa condição.
O Brasil teve nos 12 meses até junho déficit em conta corrente --que engloba as exportações e importações de bens e serviços, entre outros-- de 81,2 bilhões de dólares, o equivalente a 3,58 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
Para Mansueto, o déficit do país nessa conta “é reflexo do desequilíbrio causado pelo real artificialmente valorizado para combater a inflação”, visão que é compartilhada por parte dos agentes econômicos.