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Aécio já recebeu R$ 2 milhões do Fundo Partidário nesta campanha

Apesar da pequena campanha para deputado federal, Aécio recebeu mais dinheiro do fundo eleitoral do que outros candidatos tucanos de expressão em MG

Aécio Neves: o tucano virou réu no STF em ação da Procuradoria Geral da República por corrupção passiva e obstrução de justiça (Adriano Machado/Reuters)

Aécio Neves: o tucano virou réu no STF em ação da Procuradoria Geral da República por corrupção passiva e obstrução de justiça (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de setembro de 2018 às 15h44.

Belo Horizonte - Quatro anos depois de perder uma eleição presidencial por diferença inferior a 3,5 milhões de votos, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) faz campanha fora dos holofotes para deputado federal em Minas Gerais. Sem apoio, ao menos oficialmente, dos principais integrantes do partido - entre os quais seu afilhado político, o também senador Antonio Anastasia, candidato ao governo de Minas e o presidenciável Geraldo Alckmin -, Aécio mantém agenda restrita de viagens ao interior e não divulga os atos políticos a que vai comparecer.

Apesar da campanha aparentemente discreta, ao estilo "mineirinho", informações enviadas pela campanha do senador ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que, até o momento, o parlamentar recebeu R$ 2 milhões de recursos do fundo especial, repassados pelo PSDB nacional, e R$ 19.195,00 de 11 pessoas físicas, com valores que oscilam entre R$ 145,00 e R$ 5 mil.

O valor recebido por Aécio Neves do fundo especial via direção nacional do partido é bem superior ao repassado a outros candidatos tucanos de expressão no Estado e que disputam o mesmo cargo. O presidente estadual da legenda, Domingos Sávio, que tenta a reeleição, recebeu R$ 900 mil. O vice-presidente, Paulo Abi Ackel, R$ 500 mil. Ambos disputam a reeleição. Com menor visibilidade na comparação Aécio e dirigentes partidários, Cidinha Campos recebeu R$ 80 mil.

Os gastos de Aécio até o momento totalizaram R$ 844.838,69. Do montante, o valor mais expressivo, R$ 106.330,00 foi com empresa de encadernação e edição. Há ainda R$ 64.686,04 com empresa de aluguel de veículos.

Depois de governar Minas Gerais por duas vezes, ser eleito senador e perder a disputa presidencial de 2014 para Dilma Rousseff (PT), que sofreu impeachment e hoje lidera as pesquisas de intenção de voto para o Senado por Minas, o tucano já não tem a mesma força política, sobretudo após ter sido flagrado em grampo da Polícia Federal pedindo R$ 2 milhões para o empresário Joesley Batista.

A alegação de Aécio é que se tratava de um empréstimo, que seria oficializado em contrato, para pagamento de advogados em processos que o parlamentar já respondia. O tucano virou réu no Supremo Tribunal Federal (STF) em ação da Procuradoria Geral da República (PGR) por corrupção passiva e obstrução de justiça.

Desde 16 de agosto, data em que teve início a campanha 2018 - portanto, em 38 dias - o senador registrou com vídeos em sua página no Facebook cinco atos de campanha. O primeiro, dia 25 de agosto, em fazenda próxima a Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri; outro em Belo Horizonte, quatro dias depois; o terceiro em São João del Rei, no Campo das Vertentes, no dia 31; o quarto em Ipatinga, no Vale do Aço, em 1º de setembro; e o último em São Romão, no Norte do Estado, na Terça-feira passada, dia 18.

Em todos os atos, Aécio está ao lado de lideranças locais. O tucano não participou, ao menos até o momento, de nenhum comício de Anastasia ou do candidato à Presidência da República de seu partido, Geraldo Alckmin, em Minas.

À mineira

No Facebook do senador são publicadas também animações sobre o que o tucano fez como governador do Estado e propostas. Há ainda um vídeo em que Aécio responde a perguntas de internautas. Famoso pela ativa presença na vida noturna do Rio de Janeiro, na publicação o tucano busca realçar raízes mineiras. O vídeo foi chamado de "Dedo de prosa com Aécio", fala de comida vendida no estádio Mineirão e de sua torcida pelo Cruzeiro.

Em uma pergunta citada pelo tucano, um eleitor quer saber se o senador já comeu "o tropeiro zoiudo (com ovo) do Mineirão", ele responde: "Muito. Era um frequentador assíduo do Mineirão". Em outra pergunta, querem saber qual foi o melhor jogo entre Cruzeiro e Atlético. O tucano cita um que, segundo ele, ocorreu no final da década de 60 ou início dos anos 70.

Aécio, respondendo a outra pergunta de ordem pessoal, diz que hoje, não é mais "pegador". "Na verdade eu fui muito namorador. Gostava muito de namorar. E namoro até hoje, a minha loira do Sul", e manda um beijo para a mulher, Letícia, que aparentemente está na mesma sala em que o tucano gravou o vídeo.

Ao longo da semana, Aécio recebe líderes políticos do interior no apartamento que mantém no bairro Anchieta, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, fazendo o caminho inverso do normalmente observado pelos candidatos, de ir ao encontro dos eleitores nas bases. Quem mora próximo ao apartamento do tucano garante que a movimentação no local é intensa. "Tem dia que não tem como estacionar, de tanto carro", afirma um vizinho.

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