Aécio Neves: as viagens serão pautadas pelas críticas à atuação do governo e do PT no campo da área social (Gregg Newton/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 9 de março de 2016 às 16h38.
Brasília - Em meio ao recrudescimento das discussões sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff no Congresso e os avanços da crise econômica, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), dará início a uma série de viagens pelo país, que será pautada pelas críticas à atuação do governo e do PT no campo da área social.
O giro pelo país está programado para ter início no próximo mês de maio e terá como balizamento o seminário do partido marcado para esta quinta-feira, 10, em Brasília.
"Vamos mostrar de forma clara neste seminário que fracassou a visão do PT de que a carência social apenas se dá pelo viés da privação da renda. Existem outras variáveis que não foram minimamente tratada pelo PT", ressaltou Aécio Neves à reportagem.
Para embasar o discurso contra o governo no campo social, os tucanos vão apresentar no encontro de amanhã dados levantados pelo Instituto Teotônio Vilela (ITV), órgão de estudos do PSDB, extraídos do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) de áreas como Saúde, Educação, Segurança Pública, Saneamento, Habitação e Reforma Agrária.
No campo da saúde, o documento traz, por exemplo, a informação de que nos últimos quatro anos dos R$ 47 bilhões reservados para investimentos no Orçamento Geral da União, apenas R$ 22,8 bilhões (48%) foram efetivamente aplicados.
"Ou seja, mais da metade do que foi colocado à disposição do governo federal nos últimos cinco anos para a melhoria do atendimento público de saúde prestado aos cidadãos brasileiros foi perdido", diz trecho do levantamento.
O documento também traz dados de investimentos em programas como o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), considerado como uma as "vitrines eleitorais" do atual governo.
"Pronatec teve seu orçamento para este ano cortado em 54%. A dotação de 2016 foi a menor desde que o programa foi implantado, em 2013. O valor caiu de R$ 4,6 bilhões em 2015 para os R$ 2,1 bilhões atuais", diz o documento.
Eleições
Além dos dados referente aos investimentos do governo em áreas estratégicas, o encontro do PSDB também servirá de palco para a apresentação de um "cardápio" de sugestões de projetos que deverão ser encampados pelos candidatos tucanos durante a campanha pelo comando das principais prefeituras, prevista para outubro.
"Quero incluir muito nas eleições municipais o discurso social como uma marca do PSDB. Não é um trabalho simples, mas estamos dando a largada nele. A ideia é fazer um seminário por semana a partir de maio pelas as cinco Regiões", ressaltou Aécio Neves.
"Precisamos quebrar esse estigma que o PSDB é um partido só da questão fiscal e econômica. Vamos chamar o PT para dançar no campo social", emendou.
A lista de proposta a ser discutida nos Estados junto com os candidatos do PSDB foi elaborada pelo assistente social Marcelo Garcia, que atuou como secretário Nacional de Assistência Social no governo Fernando Henrique Cardoso e integrou da equipe de campanha presidencial de Aécio Neves.
O rol de sugestões inclui a criação de um "crédito social", que teria como finalidade servir como um "porta de saída" para os cidadãos que recebem recursos do Bolsa Família.
O tema fez parte das discussões internas do PSDB na última campanha presidencial. O programa de crédito seria voltado para jovens e adultos que estejam no Bolsa Família e sem emprego formal há pelos menos de três anos, ou sem qualquer tipo de geração de renda por mais de um ano.
O cardápio elaborado pela cúpula do PSDB também sugere a criação de vagas para "Agentes do Trabalho", profissionais que circulariam pelas cidades com objetivo de identificar as pessoas que estão à procura de um emprego.