Aécio Neves: "a minha relação são aquelas forças políticas que estão ao nosso entorno, não apenas políticas e partidárias, mas da sociedade brasileira" (Marcos Fernandes/Coligação Muda Brasil/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 13 de outubro de 2014 às 17h51.
O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, evitou falar nesta segunda-feira sobre a relação com o PMDB, maior bancada no Senado e segunda maior na Câmara e principal aliado da presidente Dilma Rousseff (PT), com quem o tucano disputa o segundo turno da eleição.
"A minha relação são aquelas forças políticas que estão ao nosso entorno, não apenas políticas e partidárias, mas da sociedade brasileira", disse Aécio, em Curitiba, reiterando gratidão aos apoios recebidos na etapa final da eleição por PSB, PPS, PV, PSC e por setores de outros partidos, além do endosso da terceira colocada no primeiro turno, Marina Silva (PSB).
Ao mesmo tempo, o tucano disse que, se eleito, "nós vamos, sim, construir através da boa ação política a aliança necessária a dar sustentação ao nosso projeto de governo."
Na Câmara, a bancada do PMDB, partido do vice-presidente da República Michel Temer, que novamente compõe a chapa encabeçada por Dilma, está dividida no apoio à presidente e ao candidato tucano.
A divisão no PMDB não está sendo vista apenas no Congresso, com peemedebistas brigando no segundo turno pelo governo de alguns Estados ao lado de Aécio.
É o caso no Rio Grande do Sul, onde Ivo Sartori (PMDB), que disputa contra o petista Tarso Genro o comando estadual, declarou apoio ao tucano. E também no Ceará, onde o PSDB é aliado formal de Eunício Oliveira (PMDB), que disputará o segundo turno com Camilo Santana (PT).
Meses atrás, a decisão na convenção nacional do PMDB de apoiar a coligação com o PT não foi unânime.
Críticas a Dilma
Aécio criticou Dilma por não ter apresentado um programa de governo e questionou se ela manterá, se reeleita, o "intervencionismo" na economia.
"A candidata oficial não tem sequer um programa para apresentar para o Brasil. É um grande salto no escuro. Qual será sua política econômica se vencer? A reedição dessa que fracassou? Uma nova que desminta tudo o que foi feito até agora? Que caminho ela vai? Manter o intervencionismo na economia?", questionou o tucano.
"(Dilma) sinaliza de forma diferente para o mercado para que os investimentos voltem ao Brasil. Será que ela tem capacidade para isso, de resgatar a credibilidade perdida no Brasil? Eu acho que não. Eu acho que perdeu", afirmou.
Marina Silva (PSB) divulgou seu programa de governo em um ato público durante a campanha e criticava Aécio e Dilma por não terem apresentado os seus.
Aécio, que no domingo recebeu o apoio formal de Marina, resolveu divulgar um programa de governo na última semana antes da votação do primeiro turno.
Dilma, por sua vez, ao ser questionada sobre o tema em uma coletiva, afirmou que seu programa com diretrizes já havia sido encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e que vem apresentando todas as suas propostas no decorrer da campanha.
Marina e mudança
Ao agradecer a manifestação de apoio de Marina em favor de sua candidatura, Aécio voltou a bater na tecla de ele encarna o desejo de mudança da população brasileira.
"Não sou mais o candidato de um partido ou de uma aliança. Eu sou o candidato das mudanças necessárias", disse a jornalistas, "Cabe a mim agora ter a capacidade de expressar esse sentimento de mudança para que tenhamos o apoio, não por aqueles que têm simpatia pelo nosso partido ou que acompanharam nossa campanha, mas todos aqueles que têm um ponto de convergência - o cansaço absoluto, o repúdio a tudo isso que vem acontecendo no Brasil."
Aécio disse que deve se encontrar com Marina ainda nesta semana e reafirmou que a ex-candidata não "pediu absolutamente nada, em relação a cargos, ao espaço de governo" para declarar seu apoio.