Candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, derrotado neste domingo, em entrevista em Belo Horizonte (Sergio Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 26 de outubro de 2014 às 22h03.
Belo Horizonte - Após a derrota na eleição presidencial mais apertada desde a redemocratização, Aécio Neves disse neste domingo que a principal tarefa da presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) é unir o Brasil, um apelo também feito por correligionários e aliados do tucano.
Menos conciliador no discurso do que Aécio, o senador José Agripino (DEM-RN), coordenador da campanha derrotada, afirmou que o novo governo Dilma começa "em contagem regressiva" e, embora tenha dito ser cedo para falar da eleição de 2018, avaliou que Aécio foi "um gigante" e emerge do pleito como principal nome da oposição.
"Cumprimentei agora há pouco por telefone a presidente reeleita e desejei a ela sucesso na condução do seu próximo governo. E ressaltei: considero que a maior de todas as prioridades deve ser unir o Brasil em torno de um projeto honrado e que dignifique a todos os brasileiros", disse Aécio em pronunciamento a jornalistas em um hotel na região central de Belo Horizonte.
No pronunciamento após a confirmação da derrota nas urnas, a quarta seguida do PSDB para o PT em disputas presidenciais, Aécio agradeceu a todos os brasileiros, em particular aos mais de 50 milhões que votaram nele no segundo turno. Com quase a totalidade dos votos apurados, Dilma tinha 54,4 milhões de votos e Aécio contabilizava 50,9 milhões de votos.
"Mais vivo do que nunca, mais sonhador do que nunca, eu deixo essa campanha ao final com o sentimento de que cumprimos o nosso papel", afirmou o candidato do PSDB.
"Repito, para encerrar, mais uma vez o que disse São Paulo, que é o que retrata para mim de forma mais clara o sentimento que tenho hoje na minha alma e no meu coração: combati o bom combate, cumpri minha missão e guardei a fé", finalizou.
Senador eleito por São Paulo na eleição deste ano, José Serra, presidenciável derrotado pelo PSDB em 2002, avaliou que o PSDB e a oposição sai fortalecida da disputa, mas disse que o trabalho da classe política a partir de segunda-feira será o de unir o Brasil.
"O PSDB teve 50 milhões de eleitores que o apoiaram. Em 2010 nós tivemos 44 (milhões), agora tivemos 50, isso mostra a força do nosso partido e inclusive a capacidade de fazer a pauta das coisas que são fundamentais para o país. Uma oposição pode fazer uma grande contribuição ao Brasil se souber criticar o que está errado e souber propor", disse.
"Nós vamos trabalhar no sentido de ter um país unificado. Não vamos permitir que esse divisionismo ganhe força", prometeu.
Agripino também defendeu a busca pela união nacional após a eleição apertada deste domingo, mas fez uma análise do resultado eleitoral segundo o qual, nas palavras dele, "o Brasil que produz" votou em Aécio.
"O Brasil tem uma locomotiva, e essa locomotiva chama-se São Paulo. São Paulo não deu só uma vitória a Aécio. Deu uma vitória esmagadora a Aécio. O Sul idem, o Sudeste teve uma situação equilibrada. O Brasil produtivo do Centro-Oeste idem. Isso tudo tem que ser levado em conta", avaliou Agripino.
"A principal tarefa da classe política do Brasil será a de unir o Brasil, nunca de desunião. Agora, constantando uma realidade: no coração do Brasil, no Brasil que produz, no Brasil mais moderno, a vitória de Aécio, a vitória da oposição foi acachapante sobre a presidente da República."