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Da Redação
Publicado em 15 de setembro de 2016 às 17h32.
Rio de Janeiro - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), adotaram um tom de cautela nesta quinta-feira ao comentarem a denúncia do Ministério Público Federal no Paraná contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disseram que cabe à Justiça comprovar as acusações contra o petista.
"Vocês sabem que sou um pessoa cautelosa e é preciso ver o que o Judiciário diz... uma coisa são as acusações e outra coisa são provas", disse o ex-presidente tucano a jornalistas, acrescentando que fica como espectador e não tem opinião sobre o assunto.
"O presidente Lula passa por um momento difícil e não vou comentar o que ele diz. Ele está desabafando e lamento sinceramente uma pessoa com a trajetória que teve o presidente Lula chegar esse momento de tanta dificuldade”, afirmou.
Lula foi denunciado pela Lava Jato acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na investigação sobre o apartamento tríplex no Guarujá, litoral em São Paulo, e o armazenamento de seus bens, que teria sido pago pela construtora OAS.
Em declaração à imprensa, o petista afirmou nesta quinta-feira, um dia depois de ser denunciado pela Lava Jato, que não esperava passar pelo que tem passado e acusou os procuradores que investigam o esquema de corrupção na Petrobras de terem o objetivo de tirá-lo da vida pública.
FHC e Aécio estiveram nesta quinta-feira no Rio de Janeiro para manifestar oficialmente apoio à candidatura do tucano Carlos Osório à prefeitura da cidade. Os dois gravaram chamadas e inserções para serem usadas na campanha de Osório.
Aécio, que também afirmou que caberá à Justiça definir o futuro de Lula, rechaçou a tese petista de que as denúncias fariam parte de um grande conspiração para enfraquecê-lo até as eleições presidenciais de 2018.
"Compreendo o momento extremamente difícil que passa o presidente Lula e hoje ele tem que falar à Justiça. O único equivoco que vejo, que é recorrente, que sempre que eles se veem em dificuldades tentam transferir a outros responsabilidades que são suas", disse Aécio.
"A resposta sempre caminha para o jogo político... se tiver como comprovar que foi uma grande arbitrariedade e uma grande movimentação política o tempo que dirá, mas falta grandeza no PT em reconhecer equívocos", acrescentou o presidente nacional do PSDB.
Aécio disse ainda que o papel do PSDB, que agora compõe a base do presidente Michel Temer, é deixar de olhar pelo retrovisor os problemas e estragos que, segundo ele, foram causados ao país e à economia pelos governos petistas e focar na reconstrução e na retomada do Brasil.
"O nosso papel hoje não é estar contestando, agravando ou radicalizando na política. O que temos que fazer é construir a agenda do futuro", disse Aécio. "Se o PT construiu a narrativa da vitimização e do golpe, que trabalhem nessa seara, mas a nossa é a reconstrução do país... para retirar o Brasil da calamidade”, acrescentou.
Sobre a cassação do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), FHC classificou “como um fato menor para a história" política brasileira e de menores consequências, diferentemente do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
"O impeachment foi consequência de desrespeito a normas constitucionais e por conta da paralisação do governo... o país está numa situação de desespero, falência das finanças públicas. Esse mal-estar é consequência de erros na condução da política", disse FHC.
"Ninguém fica feliz com um processo de impeachment e nunca fui favorável a interromper mandatos e é de lamentar. O Cunha é um caso menor... demorou até acontecer e não tem consequências históricas maiores”, disse.