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Aécio diz que não substituirá Dilma sem que haja eleição

O senador disse que se recusaria a assumir imediatamente o cargo mais alto do país se a presidente tiver o mandato cassado pelo TSE

O senador Aécio Neves (PSDB-MG): “para enfrentar o que precisa ser enfrentado, somente alguém com a legitimidade de uma eleição” (Gregg Newton/Bloomberg)

O senador Aécio Neves (PSDB-MG): “para enfrentar o que precisa ser enfrentado, somente alguém com a legitimidade de uma eleição” (Gregg Newton/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2015 às 21h04.

Segundo colocado na eleição presidencial de 2014, o senador Aécio Neves disse que se recusaria a assumir imediatamente o cargo mais alto do país se a presidente Dilma Rousseff tiver o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral.

“Para enfrentar o que precisa ser enfrentado, somente alguém com a legitimidade de uma eleição”, disse Aécio, em entrevista, nesta quinta-feira. “O clima de acirramento, de conflagração hoje sugeriria isso”.

Na semana passada, o TSE abriu uma investigação sobre as práticas de financiamento de campanha de Dilma e de seu vice-presidente, Michel Temer. Dilma e Temer poderão perder seus cargos se o tribunal decidir que eles financiaram a reeleição ilegalmente. Neste caso, o tribunal poderia convocar uma nova eleição ou apontar Aécio como vencedor.

Ele ficou em segundo lugar na disputa do ano passado pela menor margem em mais de seis décadas.

O governo, que nega qualquer irregularidade, está diante do que deve ser a mais longa recessão em mais de 80 anos. O índice de aprovação da presidente Dilma atingiu uma baixa recorde depois de ela descumprir promessas de campanha e adotar medidas de austeridade, incluindo aumentos de impostos e redução nos pagamentos de pensões e seguro-desemprego.

O partido de Aécio

O PSDB, partido que Aécio preside, lidera esforços em duas frentes para tirar Dilma do Planalto. Junto ao TSE, a legenda pediu que as finanças da campanha do PT sejam investigadas.

E, no Congresso, o partido apoia o pedido de impeachment que um grupo de advogados apresentará ao Congresso na semana que vem.

“O impeachment não nos favorece do ponto de vista pragmático”, disse o senador, alegando que o partido se concentra na eleição presidencial de 2018. “Se ela conseguir chegar em 2018, para nós está OK essa agenda”.

“Agora, é óbvio que se vêm essas denúncias todas, a reprovação das contas, se o Congresso é submetido a uma proposta de impeachment, o PSDB vai votar favoravelmente, mesmo com muitas preocupações sobre o day-after”.

Aécio diz que o partido “tem responsabilidade” e não permitirá que propostas de aumento de gastos públicos sejam aprovadas no Senado. O Congresso deve analisar em novembro os vetos presidenciais feitos a medidas que poderiam aumentar o déficit orçamentário, já em 9,2 por cento do produto interno bruto.

Semana turbulenta

Os comentários de Aécio surgem ao final de uma semana turbulenta em Brasília, em que membros da oposição prometeram aumentar os pedidos de afastamento de Dilma, e o Supremo Tribunal Federal entrou na discussão, emitindo liminares contra os ritos de impeachment ditados pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

A ameaça de abertura de um processo de impeachment engessa o governo e o Congresso, paralisando os esforços para cortar gastos e tirar o Brasil da recessão.

O real sofreu a maior desvalorização entre as principais moedas do mundo na semana passada, com queda de 1 por cento devido ao temor dos investidores de que a turbulência política piore a recessão.

A economia deve registrar uma contração de 3 por cento neste ano, ao passo em que a inflação subirá 9,7 por cento, mais que o dobro do centro da meta fixada pelo governo, segundo a última projeção dos analistas na pesquisa Focus do Banco Central.

Na semana que vem, advogados da oposição apresentarão um novo pedido de impeachment, argumentando que Dilma violou a Lei de Responsabilidade Fiscal neste ano e no ano passado, entre outras acusações.

Na semana passada, o Tribunal de Contas da União recomendou que o Congresso rejeite as práticas contábeis do governo em 2014, dizendo que a administração federal usou manobras contábeis para esconder déficits orçamentários.

O núcleo jurídico do governo diz que não houve ilegalidade contábil.

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