Senador Aécio Neves: "o que nós precisamos para enfrentar os preços é previsibilidade” (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 3 de junho de 2014 às 08h54.
São Paulo - O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves, disse na noite de segunda-feira que, se eleito, não pretende reajustar os preços administrados pelo governo, que hoje estão represados em sua maioria, “numa paulada” e voltou a defender a redução das bandas de tolerância da meta de inflação, atualmente fixadas em 2 pontos percentuais.
O tucano voltou a dizer também que pretende enviar ao Congresso Nacional uma proposta de simplificação tributária nos seis primeiros meses do seu eventual governo, antes de propor uma reforma ampla do sistema de tributos, e admitiu que uma redução da carga de impostos só será possível no médio prazo.
“Ninguém vai fazer isso numa paulada. O que nós precisamos para enfrentar os preços é previsibilidade”, disse em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, ao ser questionado sobre os reajustes represados do preço da gasolina, energia e outras tarifas públicas sob controle do governo federal.
“O que nós vamos estabelecer são regras absolutamente claras, quais os critérios e quando serão reajustados (esses preços)”, argumentou.
Aécio evitou dizer novamente que está preparado para tomar medidas impopulares durante sua gestão, já que se tornou alvo da presidente Dilma Rousseff, que disputa a reeleição, por conta da declaração. Segundo ele, as “medidas impopulares foram tomadas (pelo atual governo)”.
“Seremos o país que menos crescerá na América do Sul... a inflação está aí, a inflação de alimentos já ultrapassou e muito 9 por cento, há mais de ano que a população de baixa renda vem convivendo com esses índices inflacionários e a presidente dizendo que a inflação está sob controle”, argumentou o tucano.
“Qualquer que seja o próximo presidente da República terá que ter responsabilidade para tomar as medidas corretas e nós vamos tomá-las”, disse, evitando o termo “impopulares”.
“Acho que é possível num período de dois anos buscar uma redução da banda, que hoje me parece extremamente extensa. Temos que paulatinamente encaixar os gastos do governo dentro do crescimento da economia”, acrescentou.
Atualmente, a meta de inflação estabelecida pelo governo é de 4,5 por cento, podendo variar dentro de uma banda de 2 pontos percentuais para baixo ou para cima.
Desde o início do atual governo, a inflação oficial do país ficou sempre no incômodo patamar de 6 por cento. Em 2011 --o primeiro ano de Dilma no Palácio do Planalto-- o IPCA inclusive fechou em 6,50 por cento, no topo da tolerância da meta do governo.
O tucano descartou também fazer qualquer mudança no regime trabalhista que resulte em perda de direitos para os trabalhadores.
“Retirar direitos de trabalhadores é impensável no Brasil de hoje”, afirmou ao ser questionado se privilegiaria capital ou trabalho numa eventual gestão do país.
"Guerra fraticida"
O tucano evitou fazer ataques diretos ao pré-candidato do PSB, Eduardo Campos, com quem tinha desde o começo do ano uma parceria estratégica no xadrez eleitoral. Nas últimas semanas, o ex-governador de Pernambuco tem tentado mostrar diferenças entre os dois.
“Não mudarei minha estratégia dependendo da pesquisa de opinião”, disse ao ser questionado sobre a postura do adversário.
Segundo o tucano essa eleição será muito dura. “Não é uma eleição qualquer, é uma guerra fraticida”, descreveu.
O pré-candidato tucano se irritou com questionamentos feitos sobre o uso de drogas, em especial cocaína.
Ao ser questionado sobre acusações que classificou “do submundo da Internet”, que dão conta de que o tucano é ou foi usuário da droga, Aécio reagiu e pediu que o debate se desse em torno de temas de interesse do Brasil e negou de forma incisiva o uso de cocaína.
“Quando você tiver acusação em relação à minha conduta pessoal pública, faça a acusação”, respondeu ao jornalista Fernando Barros e Silva, da revista Piauí.
“Se nós queremos dar vazão ao submundo da Internet isso significa que ninguém pode disputar com esses adversários...Vamos conversar sobre aquilo que interessa aos brasileiros”, prosseguiu Aécio.
“Não vale a pena perdermos tempo com o submundo, o homem público tem que estar pronto para responder a qualquer denúncia... a calúnia não pode merecer o tempo de jornalistas tão qualificados como os que estão aqui”, afirmou.