Candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, durante sabatina do jornal O Globo no MAR, no Rio de Janeiro (Ricardo Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 10 de setembro de 2014 às 13h24.
Rio - O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, afirmou nesta quarta-feira, 10, que a reeleição fez mal ao País. Em sabatina promovida pelo O Globo, ele criticou a estrutura montada pela presidente e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff, quando viaja em campanha. "A presidente desmoralizou a reeleição."
Ao ser lembrado que a reeleição foi instituída no governo do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, disse que foi uma "experiência que o Brasil buscou". E voltou a defender o fim da reeleição com mandato de cinco anos para os governantes.
E também fez um mea-culpa, ao dizer: "Eu acho que a reeleição faz mal ao Brasil. Digo isso porque fui reeleito, e sei como é, é desigual." O candidato se comprometeu, caso seja eleito em outubro, a mudar a lei que permite a reeleição dos governantes.
Segurança
Indagado sobre seu programa de governo para a área da segurança pública, levando em conta os mais de 50 mil assassinatos que ocorrem anualmente no País, o senador mineiro disse que a marca da atual gestão petista, incluindo este setor, é o da terceirização dos problemas.
"Segurança sempre foi um problema, hoje é uma tragédia", disse, argumentando que está na hora do País ter um governo que assuma as responsabilidades pelos problemas existentes.
Na entrevista, Aécio voltou a falar da proposta do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), candidato a vice em sua chapa, de redução da maioridade penal para crimes hediondos. E disse que esses casos representam 1% dos crimes cometidos pelos jovens, mas é preciso coibi-los.
Medo
Aécio disse que não quer ser um presidente para ter um retrato na parede, citando o seu avô, o falecido presidente Tancredo Neves. "Ele está lá para representar mito bem a família."
E afirmou: "Quero ser presidente porque tenho muito medo dos próximos quatro anos, eu acredito na nossa proposta."
Para o tucano, é possível governar com uma nova relação com o Congresso Nacional, com projetos prioritários para o governo, sem o toma lá, dá cá. Para isso, ele defende o fortalecimento dos partidos.
E voltou a atacar a adversária do PSB, Marina Silva, dizendo que vê contradição em seu discurso: "Essa ideia da Marina de 'não partido', de governar com os melhores, quero saber quem é que vai governar com os ruins? Não é assim que funciona, por isso defendo no primeiro dia de meu governo uma reforma política."
Questionado sobre o cenário eleitoral em Minas Gerais, com o PT na liderança das pesquisas, o tucano disse que "vai acreditar até o último dia" na vitória. E disse que o País ainda está sob efeito de uma "embaralhada nas cartas".
Sobre o pleito presidencial, o candidato do PSDB disse que tem a mesma percepção e que é o único que tem um modelo de oposição consistente ao governo petista.
"Eu começo e termino a minha campanha com as mesmas crenças", disse, criticando novamente a ex-senadora: "Qual é a Marina em que vamos votar, a que hoje abre os braços para o agronegócio ou a que votou contra os transgênicos quando era do governo do PT?"
Economia
O candidato do PSDB voltou a afirmar que 2015 será um ano muito difícil para o Brasil. Ele destacou que a forma de se combater este cenário preocupante para a economia do País no ano que vem é "com previsibilidade" e com uma política econômica de longo prazo. E criticou mais uma vez o cenário atual, com "inflação batendo o teto da meta e um quadro recessivo na economia".
"Não teremos uma recuperação da economia mundial muito grande, que poderia ser a salvação. Temos que olhar para dentro. A condução transparente da política econômica vai ajudar o País a voltar a crescer", afirmou durante a entrevista.
Aécio defendeu uma política econômica de longo prazo, com previsibilidade. "A nossa eleição vai sinalizar a baixa dos juros em longo prazo e o resgate dos investimentos", prometeu.
O candidato afirmou ainda que a Petrobras tem sido usada pelo governo atual como "instrumento da política econômica". A respeito das recentes denúncias, disse que "está na hora de termos um governo que assuma as suas responsabilidade".