Prisão: em seguida, eles bloquearam a entrada do complexo com tonéis (Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de janeiro de 2017 às 15h53.
Rio de Janeiro - A paralisação dos agentes penitenciários do Rio gerou tensão no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio, na manhã desta quarta-feira, 18. Advogados foram impedidos de entrar no local para visitar os presos, e houve tumulto.
A confusão começou quando um advogado tentou ingressar no presídio e foi barrado por cerca de 50 agentes que estavam de braços cruzados, em frente à guarita do prédio. Ulisses da Silveira se recusou a dar marcha à ré no carro e foi cercado pelos servidores.
Houve discussão, e alguns agentes mais exaltados disseram que iriam "anotar a placa do carro do advogado". Em seguida, eles bloquearam a entrada do complexo com tonéis. Silveira disse que precisava entrar no local para obter a assinatura de seu cliente para uma procuração que pediria a sua liberdade na Justiça.
"Eles não podem cercear o meu trabalho e prejudicar o meu cliente. Eles também me ameaçaram dizendo que iriam virar o meu carro e anotar a minha placa. O que eles querem dizer com isso? Vou procurar os meios legais", disse.
O advogado Gaspar da Silveira Neto, que defende um dos 27 corintianos presos por envolvimento em um tumulto nas arquibancadas do Maracanã, também foi impedido de entrar no complexo pelos agentes.
Neto tentou entrar no complexo na terça-feira, 17, para avisar ao seu cliente que o grupo tinha conseguido a liberdade, mas não conseguiu.
O advogado disse que dormiu em uma pensão próxima ao local mas, até as 12h desta quarta-feira, 18, ainda não tinha conseguido entrar no presídio e seu cliente ainda não havia sido solto.
"Eu entendo a reivindicação deles e a greve é legal. Mas eles não podem impedir a nossa entrada. A greve também está dificultando a execução da soltura deles", disse.
Desde terça-feira, 17, os servidores têm impedido a entrada de advogados e de alguns caminhões no local. As visitas de familiares também foram suspensas. A Polícia Civil também está sendo impedida de entrar no complexo com novos presos.
O presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário, Gutembergue Oliveira, disse que as medidas, entre elas o veto à entrada dos advogados, são legais. "Tem advogado que pega dinheiro do cliente e só visita de mês em mês", respondeu, à reportagem.
Por meio de nota, a OAB-RJ disse que a Comissão das Prerrogativas do órgão "considera justa a reivindicação dos servidores, mas está buscando, através do diálogo, soluções para garantir o direito constitucional do contato entre advogados e os presos".
Já a Defensoria Pública comunicou que, em razão do movimento grevista, "suspendeu o atendimento presencial realizado pelos defensores públicos às pessoas privadas de liberdade em todas as unidades do parque prisional estadual".
Porém, informou que o Núcleo do Sistema Penitenciário da Defensoria Pública encontra-se "em regular funcionamento" em sua sede funcional, no centro, atendendo familiares de detentos.
Nesta terça-feira, o governo do Rio anunciou que os salários de dezembro dos servidores ativos e inativos da Segurança -Polícia Militar, Polícia Civil, Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP) e órgãos vinculados - seriam depositados integralmente a partir das 13h desta quarta-feira.
Apesar disso, os agentes disseram que manterão a greve até a próxima segunda-feira, 23, quando será realizada uma nova assembleia da categoria.
Para esta quarta, 18, estava prevista a visita de familiares de presos de 17 dos 24 prédios do complexo. Porém, após a divulgação pela imprensa do início da paralisação dos servidores, parentes dos presos não foram ao local, onde se formam longas filas nos dias de visita.
A Secretaria da Estado de Administração Penitenciária (Seap) e a Polícia Civil ainda não responderam ao Estado o que estão fazendo com os novos presos que deveriam entrar no presídio.