Janaína Paschoal: a advogada de acusação se queixou do método da defesa de lidar com as testemunhas (Jefferson Rudy/Agência Senado)
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2016 às 15h32.
A Comissão Processante do Impeachment terminou a oitiva da segunda testemunha do dia, o secretário de Organização Institucional do Ministério da Defesa, Luiz Antonio de Souza Cordeiro, e suspendeu os trabalhos para almoço dos senadores.
Pouco antes, a advogada de acusação, Janaína Paschoal, se queixou da estratégia da defesa de arrolar muitas testemunhas, substituir nomes no curso do processo e expor testemunhas a situações constrangedoras.
“É visível que muitas testemunhas tremem aqui, porque elas são chamadas, de certa forma, não só para exculpar a presidente, mas para fazerem uma autodefesa. Muitas participaram do processo como consultores jurídicos, muitas teriam o papel – digamos assim – de fazer barrar esse processo e não fizeram. Então, estão em uma situação que estão praticamente obrigadas a defender a regularidade de um processo que todos nós sabemos que foi irregular e ilegal. Então, é sim uma situação constrangedora que está sendo imposta às testemunhas, uma situação que é visível até para quem está assistindo de casa”, disse a advogada.
Além disso, Janaína acusou o advogado de defesa, José Eduardo Cardozo, de fugir do debate sobre o objeto principal da denúncia, que são as pedaldas fiscais cometidas em 2015, e tentar restringir o processo às análises dos quatro decretos de suplementação orçamentária editados pela presidenta afastada Dilma Rousseff e sobre os quais ela também é acusada de crime de responsabilidade.
“Estrategicamente a defesa arrolou oito testemunhas por decreto – o que é algo absolutamente inusitado, porque nós estamos diante de uma continuidade delitiva – e quer tentar fazer esquecer que esse processo versa sobre pedaladas, o que é uma situação muito grave, porque os bancos públicos foram instrumentalizados. E o Tesouro não contabilizou os débitos que tinha perante esses bancos públicos”, afirmou.
O advogado de defesa rebateu lembrando que foi a própria comissão que delimitou os objetos de análise do processo e afirmou que há “erros conceituais” na denúncia.
“Nas alegações finais nós demonstraremos isso mostrando como há equívocos conceituais relativos à situação orçamentária, porque se tentou construir retoricamente a existência de crimes que não se colocam”, acrescentou.
Cardozo voltou a cobrar respeito ao direito de defesa. “Aacho que o direito de defesa deve se comportar dentro das regras, mas deve ser profundamente respeitado, em que pese as discordâncias que se coloquem. E nem deve ser coagido, intimidado ou, por qualquer tentativa, obstaculizado”, concluiu.
No retorno dos trabalhos, os senadores iniciarão o depoimento da terceira e última testemunha do dia, o representante da Justiça do Trabalho Luciano Carlos de Almeida.