Adir mudou a estratégia de defesa e confessou pela primeira vez a prática de crimes como lavagem de dinheiro (Fernando Frazão/Agência Brasil/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 9 de agosto de 2017 às 20h43.
Brasília - O advogado Miguel Pereira Neto, renunciou à defesa dos irmãos Adir e Samir Assad e do operador Marcelo Abbud.
Em outras ocasiões, o advogado informou que não participaria de um eventual acordo de delação premiada, que vem sendo tentado pelo operador financeiro Adir Assad nos últimos meses no âmbito da Operação Lava Jato. A renúncia é vista nos bastidores como um sinal de avanço na negociação entre o operador e os investigadores.
Pereira Neto e equipe anunciaram que deixariam o caso antes da audiência que ocorreu na manhã desta quarta-feira, 9, no Rio de Janeiro. Adir Assad prestou depoimento ao juiz Marcelo Bretas, responsável pelos desdobramentos da Lava Jato no local.
Na audiência no Rio, Adir mudou a estratégia de defesa e confessou pela primeira vez a prática de crimes como lavagem de dinheiro, numa postura considerada colaborativa com o juiz e Ministério Público.
A renúncia da equipe de advogados abarca todas as operações nas quais Adir é investigado e uma petição foi encaminhada com o comunicado ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba.
Procurado, o advogado não respondeu as ligações da reportagem para informar o motivo da renúncia. Quem assume a defesa dos operadores é o advogado Pedro Bueno de Andrade, que já participou de delação premiada negociada da Lava Jato e acompanhou Adir na audiência desta manhã.
O empresário é apontado como o maior emissor de notas frias, por meio de empresas de fachada, para lavar dinheiro de empreiteiras suspeitas de envolvimento no escândalo de corrupção na Petrobras.
Em março, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que Adir também propôs aos procuradores mapear o funcionamento do sistema financeiro paralelo das construtoras responsável por abastecer as contas de suas empresas.
Adir Assad é investigado em várias frentes e desdobramentos da Lava Jato. Ele já foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 9 anos e 10 meses de prisão por lavagem de dinheiro e associação criminosa.
O operador foi preso preventivamente quatro vezes desde 2015 e atualmente está na carceragem da Polícia Federal de Curitiba.