Michel Temer: advogado do presidente voltou a afirmar que as doações da Odebrecht foram legais e declaradas (Adriano Machado/Reuters)
Reuters
Publicado em 3 de março de 2017 às 08h36.
Rio de Janeiro - O advogado do presidente Michel Temer, Gustavo Guedes, reafirmou na quinta-feira que Temer participou de um jantar para tratar de doação da Odebrecht para as eleições de 2014, mas voltou a negar que o PMDB tenha recebido dinheiro de caixa dois da empreiteira para campanhas eleitorais do partido.
"O presidente Temer deixou muito claro que participou de um jantar, mas que foi um doação legal e declarada", disse a jornalistas o advogado. "O presidente confirma a tratativa disso (doação) e que houve uma doação da Odebrecht ao PMDB", acrescentou.
Em depoimento na quarta-feira à Corregedoria-Geral da Justiça Eleitoral no processo em que o PSDB pede a cassação da chapa Dilma-Temer na eleição presidencial de 2014, o ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht confirmou o jantar com Temer onde foi tratado de contribuições para a campanha do então vice-presidente, mas garantiu que o tema foi tratado "de forma genérica" e não houve um pedido de doação direto feito por Temer.
Segundo o advogado de Temer, foi uma doação para candidaturas dos PMDB. "Isso é que o estamos dizendo. Nas atuações dele não houve ilicitude... o presidente continua tranquilo", disse Guedes, após depoimentos de outros ex-executivos da Odebrecht na mesma ação.
Um dos advogados da ex-presidente Dilma Rousseff no processo, Flávio Caetano, também acompanhou o depoimento da quinta-feira dos ex-executivos da Odebrecht no Rio. Ele também negou que a ex-presidente tenha recebido dinheiro de caixa dois da empreiteira.
"Ela jamais pediu qualquer doação que não fosse legal. Não houve nenhuma propina na campanha Dilma-Temer vindo da Odebrecht e, isso foi dito categoricamente pelo Marcelo Odebrecht", afirmou.
O advogado de Dilma disse esperar que o pedido de cassação da chapa feito pelo PSDB seja considerado improcedente pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "O tribunal já reconheceu que nossas contas foram regulares em 2014 e que não houve fraude... as acusações de doações irregulares e despesas irregulares caíram por terra e, se houve, foi parcela ínfima como 0,01 por cento e não se pode cassar uma chapa para tão pouco", acrescentou.
Em um dos depoimentos de quinta-feira, o ex-presidente da Odebrecht Ambiental Fernando Reis, disse que a empreiteira repassou 4 milhões de reais em recursos de caixa dois para "consolidar" o apoio do PDT à chapa Dilma-Temer nas eleições presidenciais de 2014, disse à Reuters uma fonte que teve acesso ao depoimento.