Michel Temer: documentos foram usados para embasar a segunda denúncia contra o presidente da República (Adriano Machado/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 30 de novembro de 2017 às 13h39.
Última atualização em 30 de novembro de 2017 às 13h51.
Em depoimento por videoconferência à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS nesta quinta-feira (30), o ex-consultor do Grupo Odebrecht, Rodrigo Tacla Duran, disse que documentos apresentados nas acusações que resultaram na segunda denúncia contra o presidente da República, Michel Temer foram fraudados pela Odebrecht.
Duran afirmou que uma perícia feita a pedido dele por profissionais juramentados na Espanha mostra que o sistema Droysus, utilizado pela empreiteira para pagar propina, foi manipulado e que, por isso, as provas estariam viciadas.
O advogado explicou que o sistema foi bloqueado pela Operação Lava Jato em 2016 e que as provas juntadas teriam data de 2017, quando o sistema não estava mais funcionando. .
As mesmas provas, segundo ele, também foram apresentadas no inquérito contra o ex-prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. "Todas as provas que foram obtidas ou utilizadas a partir do Drousys, elas padecem de vício, são nulas pela movimentação, alteração e manipulações externas antes, durante e depois do bloqueio realizado pelas autoridades suíças", afirmou.
Rodrigo Tacla Duran, que mora na Espanha, foi convidado a prestar esclarecimentos à comissão depois de acusar o advogado Carlos Zucolotto Júnior, amigo do juiz Sérgio Moro, de oferecer facilidades junto à força-tarefa da Operação Lava Jato para um acordo de delação premiada. "Eu não aceitei porque me senti constrangido", disse o advogado, acrescentando que, no acordo, ele teria de assumir crimes que não teria cometido.
Zucolotto teria pedido, por fora, 5 milhões de dólares, em troca, reduziria a multa do acordo de delação, que não chegou a ser fechado. Ainda segundo o depoente, as mensagens entre ele e o advogado do Paraná, teriam sido trocadas pelo aplicativo Wickr, plataforma que destrói automaticamente as mensagens trocadas depois de pouco tempo. Na tentativa de comprovar a veracidade da conversa, Duran fotografou os diálogos e enviou as imagens à comissão.
Tacla Duran revelou ter recebido um conselho de um consultor da UTC para que contratasse um advogado "da panela de Curitiba" para que seu acordo fosse bem sucedido.
Aos parlamentares, ele disse ainda ter interpretado esse termo como um advogado com "bom trânsito e bom acesso à força-tarefa". Foi então que ele buscou Zucolotto para tentar firmar o acordo, e posteriormente o advogado Marlus Arns, para quem chegou a pagar honorários de 1,5 milhão de dólares, além dos impostos.
Duran foi preso em novembro de 2016 a mando do juiz Sérgio Moro, mas foi solto em janeiro deste ano.