Vista do interior da boate Kiss, que pegou fogo em Santa Maria: o delegado Sandro Meinerz afirmou que pessoas envolvidas no incêndio serão acusadas por terem assumido o risco de matar (Divulgação/Polícia Civil)
Da Redação
Publicado em 25 de fevereiro de 2013 às 19h14.
Porto Alegre - O advogado Jader Marques, defensor de Elissandro Spohr, um dos sócios da boate Kiss, anunciou nesta segunda-feira que vai pedir a prorrogação da prisão temporária de seu cliente associada a um novo prazo para a conclusão do inquérito. Por decisão da Justiça, o empresário deve ficar em uma penitenciária de Santa Maria (RS) até o dia 3 de março.
Marques entende que, mantida a condição em que está agora, Spohr poderá, como quer, participar de acareações com bombeiros, o engenheiro responsável por obras internas na casa noturna, integrantes do grupo Gurizada Fandangueira e ex-funcionários da Kiss. Segundo o advogado, isso ajudaria Spohr a corrigir informações repassadas por aquelas pessoas, com as quais ele não concorda.
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deve concluir a primeira parte do inquérito que investiga a tragédia até o final desta semana. Nesta etapa, deverá descrever o que houve dentro da casa noturna na madrugada de 27 de janeiro, quando um incêndio provocado pelo uso de um sinalizador em show pirotécnico queimou o revestimento de espuma e gerou a fumaça tóxica que matou mais de 230 pessoas. O documento deverá apontar também os responsáveis diretos pelo desastre.
"Com relação ao que aconteceu dentro da boate não temos mais dúvidas", disse nesta segunda o delegado Sandro Meinerz. "Que agiram com dolo eventual também não", complementou, referindo-se aos envolvidos e indicando que haverá pessoas acusadas de terem assumido o risco de matar, seja pelo uso de fogos de artifício em ambiente fechado, seja pela oferta de instalações inadequadas a encontros de centenas de pessoas.
Laudo
Além de cerca de 150 depoimentos a serem tomados nos próximos dias, os delegados responsáveis pela investigação também esperam os laudos das diversas perícias feitas na Kiss para confirmar se a causa da morte da maioria das vítimas foi mesmo a intoxicação por cianeto. Ou, ainda, se não havia sinalização e vias de saída adequadas na boate. A etapa seguinte pode ser mais demorada por questões burocráticas. Os investigadores terão de confrontar o emaranhado de leis estaduais e municipais para detectar a que estavam obrigados os agentes públicos de cada esfera e, se for o caso, responsabilizar titulares de secretarias que emitiram alvarás, fiscais da prefeitura e bombeiros.