PF no Instituto Lula: advogado disse que operação policial violou as regras do processo penal e "o princípio de dignidade humana" (Marcelo Machado de Melo / Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de março de 2016 às 17h37.
São Paulo - O advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiano Zanin, negou que tenham sido destruídas provas antes das operações de busca e apreensão realizadas nesta sexta-feira pela Polícia Federal (PF) em residências vinculadas ao político e sua família.
"Jamais houve tentativa ou destruição de provas", disse Zanin em entrevista coletiva na sede do PT e realizada após um pronunciamento de Lula à imprensa.
A Polícia Federal disse que, apesar do sigilo em torno da investigação, a informação sobre a operação realizada hoje sofreu um vazamento, e já estavam inteirados sobre ela tanto o PT como os familiares de Lula.
Por ordem do juiz Sergio Moro, a PF levou Lula ao aeroporto de Congonhas para cumprir um mandado de condução coercitiva e fez busca e apreensão em residências dele, de seus familiares e colaboradores, como parte da 24ª fase da operação Lava Jato, que investiga um grande esquema de corrupção na Petrobras .
O advogado disse que solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que suspenda as diligências da polícia até que a corte decida sobre um conflito de competências relativo ao caso.
A investigação sobre o suposto envolvimento de Lula no caso se desenvolve de forma paralela no Tribunal de Justiça de São Paulo e na Justiça Federal de Curitiba.
Segundo a defesa do ex-presidente, como se trata dos mesmos fatos investigados, eles não podem ser julgados em duas instâncias diferentes, por isso o Supremo deve decidir qual é o tribunal competente.
"Vamos tomar todas as medidas juridicamente possíveis para que o princípio de segurança jurídica seja respeitado. Queremos que toda a sociedade saiba que há Constituição, que há lei", afirmou o advogado.
Zenin também disse que a operação policial violou as regras do processo penal e "o princípio de dignidade humana" consagrado na Constituição.
A ordem judicial, assinada pelo juiz federal Sergio Moro, justifica a ordem de levar Lula para depor como uma medida para evitar possíveis "tumultos" causados por "militantes políticos".
"A justificativa foi assegurar a segurança do presidente. É um fundamento tão pouco profundo que se fosse aplicado a qualquer outro cidadão, ele preferiria ficar em casa em risco", disse Zenin.
Segundo o advogado, nas três horas de depoimento de Lula à Polícia, não foi feita nenhuma pergunta nova que já não tivesse sido respondida previamente à Justiça de forma espontânea.
Zenin declarou ainda que a Polícia Federal não perguntou sobre a suposta declaração que teria sido feita pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS) em delação premiada incriminando Lula no caso.