Eduardo Cunha: advogado afirmou que ainda não discutiu a opção de delação com seu cliente (Adriano Machado / Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de outubro de 2016 às 07h52.
São Paulo - O advogado do ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) Marlus Arns afirmou ontem ver a delação premiada como uma opção para o peemedebista, preso na quarta-feira passada por ordem do juiz Sérgio Moro.
Arns, que é especializado em acordos deste tipo, disse em entrevista à Rádio Estadão que a colaboração é um instrumento grave, não um salvo conduto, e que deve sempre ser analisada em qualquer processo.
Apesar da declaração, ele evitou falar sobre o uso desse instrumento no caso específico do deputado cassado, sob alegação de que não tinha ainda discutido o assunto com seu cliente.
"(A delação) é sempre um instrumento que deve ser avaliado, mas ainda não foi discutido, mas é, evidentemente, uma opção, que tem de ser avaliada de forma cuidadosa", afirmou.
Na entrevista, Arns disse que sua contratação por Cunha foi realizada antes da prisão, e, portanto, não avalia que seu trabalho seria um recado para os peemedebistas, que estariam temerosos com uma provável delação do deputado cassado. "Não acredito que foi um recado, mas vamos analisar esse assunto também com Eduardo Cunha."
O peemedebista está preso na custódia da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.
Habeas corpus
Segundo o advogado, neste momento a defesa do deputado cassado está concentrada no relaxamento da prisão. Os advogados do peemedebista protocolaram ontem um pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 4ª região, a qual a vara de Curitiba está vinculada.
No pedido, seis advogados de Cunha alegam que "não há nenhum risco efetivo ou iminente" de que o peemedebista atrapalhe a Operação Lava Jato.
Arns também questionou a prisão de Cunha, argumentando que o processo já estava tramitando há muito tempo no Supremo Tribunal Federal (STF) e, portanto, com a perda do foro privilegiado, as autoridades poderiam ter pedido medidas alternativas, como a apreensão do passaporte. "Pelo nosso entendimento, não seria necessária a prisão."
Sobre o caso da mulher de Cunha, Cláudia Cruz, para o qual o advogado afirmou que foi especificamente contratado, ele disse que ela deve ser chamada para depor em breve para comprovar sua versão dos fatos e que até o final do ano o juiz deverá proferir sua sentença.