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Advogado de Bola desvia o foco e adia fim do julgamento

Bola é acusado de assassinar e desaparecer com o corpo da amante do goleiro Bruno, Eliza Samudio


	O ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes foi condenado a 22,3 anos de prisão por mandar matar Eliza Samudio. Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, é acusado de ser o executor do crime
 (Getty Images)

O ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes foi condenado a 22,3 anos de prisão por mandar matar Eliza Samudio. Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, é acusado de ser o executor do crime (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

Contagem (MG) - As manobras da defesa de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, para prolongar ao máximo o julgamento iniciado na última segunda-feira, 22, ficaram mais evidentes nesta quinta-feira, 25, quarto dia de trabalhos no Fórum de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Bola é acusado de assassinar e desaparecer com o corpo da amante do goleiro Bruno, Eliza Samudio. Às 19h30, alegando cansaço, os jurados pediram que a sessão fosse interrompida, o que a juíza acatou.

O advogado Ércio Quaresma, que defende Bola, derrubou qualquer perspectiva da juíza Marixa Rodrigues de concluir o julgamento nesta sexta-feira, como chegou a afirmar a magistrada em plenário, ao solicitar a leitura de oito peças sobre o processo.

Marixa chegou a pedir que o advogado ponderasse diante do cansaço dos jurados e todos os envolvidos no júri. Porém, irredutível, Quaresma não abriu mão da leitura das peças, o que deve levar em torno de oito horas, na perspectiva do promotor Henry Wagner Vasconcellos.

Depois de encerrar os trabalhos, a juíza Marixa disse ao jornal O Estado de S.Paulo que ainda tem a esperança de que o julgamento termine no sábado. "Ele disse que vai aproveitar a noite para pensar se vai retirar algumas peças. Caso ele retire, aí poderemos fazer os debates no sábado e terminar os trabalhos", afirmou. Ele também pediu novas diligências na casa de Bola, mas a juíza indeferiu.

Depois de interrogar por mais de 11 horas o delegado Edson Moreira, chefe das investigações policiais sobre a morte de Eliza, Quaresma teve cassado seu direito de perguntar por seu "visível intento protelatório e não raras vezes a conduta intimidatória, perguntas argumentativas nas quais constam visivelmente acusações contra a testemunha", afirmou a juíza, ao deferir pedido do Ministério Público.

Prosseguiu a magistrada: "Ademais, a exposição do doutor advogado, de que tem a testemunha em suas mãos por pelo menos mais 12 horas tem nítido contorno de ordem pessoal. Ora, se há uma questão de ordem pessoal entre o doutor advogado e a autoridade policial, não é este o tribunal do júri local adequado para este confronto. Não há dúvida do abuso do doutor Ércio Quaresma".

A juíza citou afirmações do advogado consideradas desrespeitosas: "Esse moço só aparecia para dar entrevistas"; "ele tem memória seletiva"; "o senhor está igual ao menor, mija que é uma maravilha". Sem o direito de falar, as perguntas passaram a ser feitas pelo outro advogado de defesa, Fernando Magalhães, que demorou em torno de uma hora para encerrar sua participação.


A partir daí, o promotor Henry Vasconcellos pôde, enfim, interrogar a testemunha. E aproveitou para contra-atacar, fazendo perguntas que trouxeram à tona o comportamento controverso de Quaresma durante as investigações.

O promotor lembrou também que os advogados de Dayanne do Carmo, ex-mulher de Bruno, denunciaram terem sido ameaçados de morte pelo advogado de Bola na porta da penitenciária Nelson Hungria. "O senhor tem conhecimento se esses advogados em depoimentos prestados à Corregedoria de Polícia Civil disseram ter sido ameaçados de morte pelo doutor Ércio Quaresma Filho em razão de eles terem atuado na sustentação dos interesses de Dayanne naquele depoimento", perguntou Henry Vasconcellos. "Ouvi comentários", disse Edson Moreira.

O promotor abordou uma carta que Sérgio Rosa Sales, o primo de Bruno assassinado, enviou para a juíza Marixa Rodrigues em novembro de 2010, quatro dias após ser interrogado, na qual ele dizia: "Falaram para mim acusar o doutor Edson Moreira de que ele tinha me torturado. Entretanto, nem o doutor Edson Moreira nem o doutor Wagner (Pinto, delegado) me encostaram a mão", leu o promotor.

Moreira disse se lembrar dessa "retratação" de Sérgio. Durante todo o seu depoimento, Quaresma tentou apontar erros de conduta de Moreira.

O promotor terminou seu interrogatório questionando como foi a votação recebida pelo delegado para vereador de Belo Horizonte. O depoente afirmou que foi o terceiro mais votado da capital, com 10.532 votos. Henry perguntou se houve algum outro profissional do direito candidato, e o delegado disse que o "doutor Ércio Quaresma", que teve apenas 342 votos e não foi eleito. Os trabalhos serão retomados às 9h desta sexta-feira, 26, com a leitura de peças.

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