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Adeus, Dodge: quem será o novo procurador-geral da República?

O presidente Jair Bolsonaro já deu sinais de que vai rejeitar a lista tríplice dos procuradores, criada para dar isenção ao processo

Raquel Dodge: procuradora-geral da República deixará o cargo em setembro após mandato de dois anos (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Raquel Dodge: procuradora-geral da República deixará o cargo em setembro após mandato de dois anos (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2019 às 06h46.

Última atualização em 6 de maio de 2019 às 07h04.

O nome de quem substituirá Raquel Dodge no comando da Procuradoria-Geral da República (PGR) começa a ser escolhido nesta segunda-feira, quando iniciam-se as inscrições para as eleições internas da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).

A votação, de certa forma, é apenas simbólica. Os três mais votados pelos procuradores vão compor a chamada “lista tríplice”, mas quem escolhe mesmo o futuro chefe da PGR é o presidente da República. Na prática, o presidente pode escolher mesmo quem não estiver na lista, ainda que tenha se tornado tradição que ele indique o nome mais votado.

Pelo menos dez nomes devem tentar obter o cargo de procurador-geral neste ano, revela o jornal O Globo. O presidente Jair Bolsonaro (PSL), contudo, vem dando seguidas declarações de que não se comprometerá a seguir a lista. A aliados, teria dito que “só vou acolher se incluírem um nome nosso. Não tem sentido colocar um inimigo”, segundo o jornalista Tales Faria, do UOL, e que “só uma coisa é certa: quem estiver na lista não será”, segundo o jornal Folha de S.Paulo. 

Por outro lado, o Ministro da Justiça, juiz Sergio Moro, deve apoiar o escolhido pelos procuradores, assim como a ala militar do governo. Já o filósofo Olavo de Carvalho e seus apoiadores vêm fazendo campanha pelo nome de Ailton Benedito – no Twitter, lançaram a hashtag “#AiltonBeneditoPGR”. Declaradamente conservador, Benedito faz posts contra a esquerda e chegou a dizer que nazistas eram “socialistas”.

O mais votado da lista só não comandou a PGR em dois momentos. No primeiro ano de vigência da lista, em 2001, o então presidente Fernando Henrique Cardoso escolheu somente o sétimo procurador mais votado, Geraldo Brindeiro. Já em 2017, Michel Temer (MDB) escolheu a segunda colocada, Raquel Dodge, em detrimento do vencedor da eleição interna, Nicolao Dino – Dino, inclusive, não deve participar da disputa desta vez, mas deve ter como candidata da mesma linha a subprocuradora-geral Luiza Frischeisen, considerada nome forte entre os colegas.

A escolha de Dodge criou polêmica na ocasião, pois Dino era o candidato favorito do então procurador-geral, Rodrigo Janot, que já havia denunciado Temer em duas ocasiões por corrupção (em ambas, o Congresso barrou o prosseguimento da denúncia).

Agora, Dodge saiu do posto de acusada de ser amiga do governo a inimiga número 1 do Planalto. Em 2018, Bolsonaro foi denunciado por Dodge por crime de racismo, quando ainda era deputado federal. Pode estar aí parte da vontade do presidente em rejeitar a escolha técnica dos procuradores. A eleição está marcada para 18 de junho, e a posse, para setembro.

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