Avião da Air Algérie: o acidente na África pode levar o número de vítimas de 2104 a um total de 680 passageiros (Louafi Larbi/Reuters)
Da Redação
Publicado em 25 de julho de 2014 às 22h52.
Londres - Três acidentes aéreos fatais no decorrer de uma semana significam que 2014 está caminhando para ser o pior ano em quase uma década em termos de mortes de passageiros.
O desaparecimento de uma aeronave McDonnell Douglas MD-83 às margens do deserto do Saara ontem vem após a perda de um turboélice ATR-72 em tempestades no dia 23 de julho, em Taiwan, e a queda do voo MH17 da Malaysian Airline na Ucrânia, na semana passada.
O acidente na África, de um avião que operava para a Air Algerie, pode levar o número de vítimas de 2104 a um total de 680 passageiros, na hipótese de que todos no avião tenham morrido; cifra superior aos totais de 12 meses nos três últimos anos, de acordo com os consultores de segurança aérea da Ascend Worldwide.
“É importante observar as tendências no longo prazo”, disse o diretor de segurança da Ascend, Paul Hayes, em entrevista. “O que parece ser um ano ‘bom’ ou ‘ruim’ em si não significa nada: muito menos só sete meses. Os acidentes fatais atualmente são tão raros que mais um ou dois podem mudar completamente os números”.
Em 2014 as mortes envolvendo aeronaves com mais de 14 passageiros ocorreram em seis incidentes, frente a 162 mortes em 10 incidentes em 2013, disse.
Apenas três dos eventos deste ano parecem ser acidentes dos tipos que costumam ser incluídos nas análises da Ascend, que exclui perdas relacionadas a guerras e ao terrorismo, que fogem do controle das companhias aéreas, disse Hayes.
Números de segurança
Cerca de 100.000 voos por dia aterrissam sem problemas em todo o mundo, disse a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), em um comunicado. Em 2013 mais de três bilhões de pessoas viajaram de avião, de acordo com a IATA.
“Todo acidente é um acidente a mais”, disse Tony Tyler, CEO da IATA, no comunicado. “A maior homenagem que podemos prestar à memória dos envolvidos é analisar todos os detalhes na tentativa de entender a causa e tomar medidas para assegurar que isso não ocorra novamente”.
O desaparecimento do voo MH370 da Malaysian Airline System Bhd, depois que o 777 da Boeing Co. desviou sua rota de Kuala Lumpur para Pequim e desapareceu sobre o Oceano Índico, pode ter ocorrido por imperícia do piloto, disseram os especialistas. Cerca de 227 passageiros viajavam no voo do dia 8 de março.
Caixas pretas
O voo MH17 da Malaysian Air, que caiu há oito dias e provocou a morte de 283 passageiros, provavelmente foi abatido por ter sido atingido por um míssil terra-ar no leste da Ucrânia, disseram os EUA.
Gravações da caixa preta da aeronave, também um Boeing 777, estão sendo analisadas no Reino Unido e também está sendo realizada a análise dos corpos, enquanto os especialistas buscam evidências do atentado.
Outro incidente classificado como não acidental provocou a morte de uma mulher em um voo da Pakistan International Airlines, depois que o jato A310 da Airbus Group NV, com 196 passageiros, foi alvo de tiroteio após pousar na cidade nortenha de Pexauar.
O incidente ocorreu duas semanas depois de um ataque do talibã ao maior aeroporto do Paquistão, em Carachi, responsável pela morte de 36 pessoas, nenhuma delas em aeronaves.
Três dos outros eventos fatais envolveram quedas mais comuns em acidentes aéreos ao longo das décadas: 44 passageiros morreram nesta semana quando um ATR-72 da TransAsia Airways Corp. caiu enquanto se preparava para aterrissar nas remotas Ilhas Pescadores, de Taiwan.
Cerca de 110 passageiros estavam a bordo quando o voo de Ouagadougou para Argel se perdeu ontem ao norte do Sahel e acredita-se que tenha caído em algum lugar de Mali.
A tripulação do voo pediu aos controladores aéreos autorização para desviar a fim de evitar uma tempestade, cerca de 40 minutos após a decolagem, disse Jean Bertin Ouedraogo, ministro dos Transportes de Burkina Faso, aos repórteres.
Quase 15 passageiros também morreram quando um avião turboélice De Havilland Canada DHC-6 TwinOtter da Nepal Airlines caiu na selva após colidir com uma encosta de 2133,6 metros em más condições climáticas, no dia 16 de fevereiro.
“Esta foi uma semana muito triste para todas as pessoas envolvidas com a aviação”, disse Tyler da IATA.