Agentes retiram vítimas de trem que descarrilou perto de Santiago de Compostela, Espanha: edital não permite participação de empresas responsabilizadas por acidentes fatais nos últimos cinco anos (Oscar Corral/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de julho de 2013 às 09h40.
Brasília – Integrante de um dos consórcios apontado como favorito para participar da licitação do Trem de Alta Velocidade (TAV) que vai ligar Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, a operadora estatal Renfe pode ser excluída do processo licitatório. Uma cláusula do edital não permite a participação de operadoras responsabilizadas por acidentes fatais nos últimos cinco anos. A Renfe opera o TAV espanhol que descarrilou ontem (24) no norte da Espanha e, até o momento, já contabiliza 78 mortes.
De acordo com a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), o edital de licitação do TAV prevê que “cada participante deverá apresentar na entrega das propostas uma declaração de que não participou de sistema de TAV com acidente fatal no período de cinco anos”. O prazo para entrega das propostas está marcado para o dia 16 de agosto, na sede da BM&F Bovespa. A mesma regra já havia inviabilizado a participação da empresa China Communications Construction no certame.
Em maio, a ministra espanhola de Fomento, Ana Pastor, havia confirmado que as três empresas públicas – Adif (administradora de infraestruturas), Ineco (engenharia e economia de transporte) e Renfe (operadora de ferrovias) – formariam um consórcio para participar da licitação do TAV brasileiro. Com o acidente, o consórcio terá de procurar um novo operador de ferrovias para ter condições de participar do processo licitatório.
Em dezembro do ano passado, logo após visita da presidenta Dilma Rousseff à Espanha, a EPL, estatal brasileira responsável por planejar e promover o transporte ferroviário de alta velocidade no país, assinou um acordo de cooperação com a Ineco, outra integrante do consórcio espanhol.
Entre os objetivos do acordo, ao qual a Agência Brasil teve acesso, está o desenvolvimento de uma “estratégia macro de implantação de um sistema de alta velocidade no Brasil” e suas “implicações tecnológicas de desenvolvimento regional, sociais e ambientais, incluindo a definição da estrutura institucional e funcional da EPL”, além de treinamento de pessoal.
Na época, tanto o ministro dos Transportes, Pedro Passos, quanto o presidente da EPL, Bernardo Figueiredo, negaram que a parceria resultaria em qualquer tipo de favorecimento às empresas espanholas durante os processos de licitação do TAV brasileiro.
A reportagem da Agência Brasil tentou entrar em contato com a emprese Renfe, mas até o momento da publicação da matéria não conseguiu resposta. No entanto, em nota divulgada no site da empresa, a Renfe confirma que o acidente ocorreu em uma linha de alta velocidade.