Homem fala ao telefone em frente à escola alvo de tiroteio em Suzano (SP) (Amanda Perobelli/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 13 de março de 2019 às 13h00.
Última atualização em 23 de abril de 2019 às 16h32.
São Paulo — "Estava saindo do banheiro quando ouvi um barulho de explosão, mas achei que fossem os meninos brincando de atirar bombinha. Eles sempre fazem isso. Mas ouvi outras dez, quinze explosões e então percebi que eram tiros", conta Maria Paula Guimarães de Lima, de 16 anos, que estuda e estava na escola estadual Raul Brasil, em Suzano (SP).
Segundo a estudante, antes de ir ao banheiro, ela tinha ido à secretaria da escola, onde os atiradores começaram a atirar.
"Quando percebi que eram tiros de verdade e ouvi os professores gritando, voltei para o banheiro para me proteger. Havia umas dez pessoas se escondendo comigo, nós ficamos rezamos, pedindo para viver", conta a estudante.
Ela diz acreditar que ficou entre 30 e 40 minutos dentro do banheiro e só saiu do esconderijo minutos após os tiros cessarem.
"A gente não sabia o que estava acontecendo. Eu peguei meu celular e liguei pra polícia e só saí de lá quando senti que não havia mais perigo", conta.
Maria Paula diz que a escola tinha algumas brigas entre alunos, mas "nada sério" e que tenha chegado à direção.
"Eu estudo aqui há dois anos, nunca imaginei que isso pudesse acontecer. Eu gosto da minha escola, dos meus amigos, nunca pensei que alguém pudesse querer nos machucar", contou a jovem, que estava do lado de fora da unidade de ensino, acompanhada da mãe.
Por volta das 9h30 desta quarta-feira, dois adolescentes armados e encapuzados invadiram a escola e efetuaram os disparos. A Polícia Militar confirmou que os criminosos cometeram suicídio no local.
A última atualização da PM informou que há ao menos dez pessoas mortas e quinze feridas. Os hospitais da região estão recebendo, além das vítimas do ataque, familiares que passaram mal.
O atentado causou caos e pânico na região da instituição. Estudantes saíram correndo e se abrigaram em lojas próximas.
O governador de São Paulo, João Doria, disse lamentar que um fato como este "ocorra em nosso Estado e nosso país" e classificou o ataque como a cena "mais triste que assisti em toda minha vida".