Invasão no Congresso Nacional: Diversos relatórios foram encaminhados especialmente à Secretaria de Segurança Pública. (GESIVAL NOGUEIRA/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO/Reprodução)
Agência O Globo
Publicado em 9 de janeiro de 2023 às 18h21.
Horas antes de bolsonaristas deixarem a área do QG do Exército e partirem em direção à Esplanada dos Ministérios, por volta das 13h de domingo, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) alertou que o grupo planejava depredar o patrimônio público e promover atos violentos nas sedes dos Três Poderes.
O alerta foi emitido logo pela manhã, quando agentes da Abin identificaram que acampados estavam fazendo convocações para que outros manifestantes se juntassem a eles para tentar invadir as sedes dos poderes.
Dentre os órgãos que receberam o alerta estava a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, comandada até ontem por Anderson Torres (afastado do cargo, junto com o governador, Ibaneis Rocha), que estava fora do país.
Desde quando o acampamento bolsonarista foi instalado nas redondezas do QG, ainda em novembro, a Abin passou a dedicar especial atenção aos manifestantes mais radicais e a emitir alertas frequentes às autoridades públicas do Distrito Federal.
Diversos relatórios foram encaminhados especialmente à Secretaria de Segurança Pública. Ao longo da última semana, esses relatórios passaram a ser distribuídos ainda com mais frequência até que, na manhã de ontem, a Agência decidiu encaminhar “um último alerta” relatando expressamente que haveria depredação e atos violentos na Esplanada.
Apesar dos alertas, o esquema de segurança montado pela Polícia Militar do Distrito Federal foi aquém do número de manifestantes no local e não impediu que eles invadissem os prédios públicos, deixando para trás um rastro de destruição.
Quando os manifestantes chegaram à Esplanada, encontraram pouca resistência e, além dos policiais militares do DF, apenas 150 homens da Força Nacional, convocados pelo Ministério da Justiça.
O percurso entre o QG do Exército tem cerca de 8km. A PM escoltou o grupo, mesmo assim, os manifestantes furaram com facilidade as poucas barreiras policiais e, às 14h50, conseguiram invadir o Congresso Nacional. Primeiro subiram a rampa do Congresso e tiveram acesso ao teto do prédio projetado por Oscar Niemayer. Parte dos manifestantes também conseguiu entrar no edifício e acessar o Salão Verde sem dificuldade.
Às 15h10, parte dos terroristas se dividiram e rumaram em direção ao Planalto. Com pouca reação dos PMs, o grupo também conseguiu acessar a sede do Executivo pela entrada do térreo, conseguindo assim subir a rampa.
Às 14h40, após resistência inicial dos policiais, que usaram spray de pimenta para conter o avanço dos manifestantes, os terroristas também conseguiram acessar o prédio do Supremo Tribunal Federal. Eles invadiram o plenário, destruindo mesas, cadeiras e tudo mais que encontram pela frente.
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Militar do GDF ainda não se manifestaram. Questionado sobre a facilidade com que os extremistas invadiram as sedes dos poderes, o ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que sua capacidade de atuação até ontem, antes de ser decretada a intervenção na segurança da Capital, era limitada e o que foi possível fazer foi mandar os 150 homens da Força Nacional.
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