Presidente Dilma Rousseff (PT) e o ex-presidente Lula durante uma coletiva após o resultado da eleição (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 27 de outubro de 2014 às 17h44.
São Paulo - A presidente Dilma Rousseff está disposta a promover mudanças na política econômica durante o segundo mandato, na avaliação da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
Em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o presidente executivo da entidade, José Velloso, disse nesta segunda-feira, 27, acreditar que o principal objetivo da petista neste segundo mandato será retomar o crescimento da economia brasileira.
Para ele, as sinalizações dadas durante o discurso da vitória neste domingo já foram um "recado", mas o "sinal concreto" de mudança será dado por meio do anúncio da nova equipe econômica.
"Vejo com otimismo o discurso dela porque foi uma eleição muito disputada. O discurso de unir o País foi no rumo correto", avaliou.
Velloso defende que a retomada do crescimento econômico só será possível por meio do incentivo à indústria, setor citado pela presidente em sua fala.
De acordo com o dirigente, o governo terá de "mudar a equação", passando a gerar emprego na indústria, ao mesmo tempo em que deve torná-la mais competitiva.
"Se continuar gerando empregos de baixo valor agregado, não vamos ter crescimento do PIB. O que agrega valor é indústria", afirmou.
Para tornar a indústria mais competitiva, ele avalia que a presidente Dilma deve combater principalmente o chamado "custo Brasil", composto, entre outros fatores, pelo câmbio, juros, tributos, infraestrutura e logística, energia elétrica e burocracia.
No caso do câmbio, Velloso afirma que o mais importante é mudar a política do Banco Central (BC) de intervir diariamente no valor do dólar por meio dos leilões de swap cambial.
"Ela vai ter que liberar o câmbio", afirmou, prevendo que, com essa liberação, o dólar deve se estabilizar entre R$ 2,60 e R$ 2,80.
No caso do juros, o presidente executivo da Abimaq avalia que é preciso diminuir a Selic, como forma de incentivar os investimentos.
"Enquanto deixar o dinheiro aplicado for bem remunerado, com baixo risco, qual atividade da indústria vai querer investir diante do custo elevado?", indagou.
Diante disso, ele destaca que o governo não poderá mais usar apenas o dólar e a taxa básica de juros (Selic) para controlar a inflação. Para Velloso, a partir de agora o governo terá de cortar gastos públicos da máquina para ajudar no combater da alta de preços.
"Acho que esse vai ser o maior desafio", comentou.
O dirigente defende ainda que é necessário que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) continue atuando no financiamento de longo prazo.
"Enquanto for grande a diferença entre a Selic e a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo, usada como referência nos empréstimos da instituição), o BNDES deve continuar atuando nisso porque nenhum outro banco vai querer fazer", explicou.
Ele espera, contudo, que o BNDES deixe de privilegiar setores específicos, como o de carnes, ampliando o leque de empresas beneficiadas.