Salim Mattar, secretário de desestatização: "estamos alinhavando a melhor modelagem da privatização da Eletrobras para maximizar valor para investidores e zelar o interesse dos cidadãos" (Valter Campanato/Agência Brasil)
Natália Flach
Publicado em 18 de fevereiro de 2020 às 10h29.
São Paulo - A agenda de desestatização do governo está a todo vapor. Até fevereiro, já foram vendidos oito ativos que somaram 29,5 bilhões de reais - dos quais 22 bilhões de reais vieram da venda de ações da Petrobras - e a expectativa é que, em julho e em setembro, sejam desestatizadas a Agência Brasileira Gestora de Ativos (ABGF) e Empresa Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (Emgea). "A dúvida é a ordem das operações", afirma Salim Mattar, secretário de desestatização e desinvestimento, em evento do BTG Pactual (controlador de EXAME).
No momento, o Congresso está estruturando uma modelagem para atender as expectativas do mercado e do governo sobre a privatização da Eletrobras. "Estamos alinhavando a melhor modelagem para maximizar valor para investidores e zelar o interesse dos cidadãos", acrescenta.
Na lista de desinvestimentos, estão duas empresas que vêm apresentando resistência por parte dos funcionários. É o caso da Casa da Moeda e Dataprev, que enfrentou uma greve entre fim de janeiro e início de fevereiro. "Eles estão apreensivos com seus empregos e estamos dialogando. No curto prazo, pode haver realmente um corte, mas no longo prazo há mais investimentos e deve aumentar o número de empregos. Isso aconteceu com a CSN, Vale e Embraer", comenta. Segundo Mattar, tanto a Casa da Moeda quanto os Correios têm tido mais propostas de estrangeiros do que de brasileiros. Já o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e Dataprev têm atraído interesse de brasileiros e de estrangeiros.
Outra frente de desestatização são as unidades de negócios da Caixa Econômica Federal. "Vamos começar com a Caixa Seguridade, a intenção é vender o controle. Isso é bom porque vai gerar mais imposto para o governo e vai fortalecer o setor privado." Para ele, o papel dos bancos públicos é conceder crédito para micro, pequenas e médias empresas.
"No ano passado, ficamos envolvidos na nova previdência, não queríamos queimar capital político, mas neste ano vamos acelerar os desinvestimentos", diz. No total, a expectativa é reduzir 300 ativos que equivalem a 150 bilhões de reais.