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Abastecimento de água deflagra disputa entre Estados

Briga por água do Paraíba do Sul entre Rio e São Paulo é a primeira que paulistas terão de comprar para suprir demanda nos próximos 20 anos


	Rio Paraíba do Sul: responsável pelo abastecimento de 11 milhões de fluminenses, ele pode passar a Grande São Paulo após transposição
 (Fontela01/Wikimedia Commons)

Rio Paraíba do Sul: responsável pelo abastecimento de 11 milhões de fluminenses, ele pode passar a Grande São Paulo após transposição (Fontela01/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 23 de março de 2014 às 10h54.

São Paulo - A recém-deflagrada disputa com o Rio para transpor água da Represa Jaguari, no Vale do Paraíba, para o Sistema Cantareira é apenas uma das brigas políticas que São Paulo terá de comprar para suprir a crescente demanda por abastecimento nos próximos 20 anos. O plano paulista com novas alternativas de captações necessárias até 2035 lista outras quatro obras em "zonas de conflito", onde há represas e rios que também abastecem outros Estados ou são fontes para gerar energia elétrica.

Entre elas está um segundo projeto de transposição envolvendo o Rio Paraíba do Sul, responsável pelo abastecimento de 11 milhões de fluminenses. A proposta é captar água na região de Guararema e levá-la até Biritiba-Mirim para aumentar em até 4,7 mil litros por segundo a oferta na Bacia do Alto Tietê, que abastece 17,2% da Grande São Paulo. A obra custaria cerca de R$ 760 milhões e precisaria do aval da Agência Nacional de Águas (ANA) porque envolve captação em rio federal.

Isso torna o projeto ainda mais polêmico que a transposição proposta na semana passada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). Mesmo envolvendo a ligação de uma represa paulista (Jaguari), que é apenas afluente do Rio Paraíba, a obra foi contestada pelo governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).

Autoridades fluminenses temem que ela comprometa o abastecimento do Estado e cobram estudos de impacto. Nesse caso, porém, São Paulo não precisa de aval federal para fazer a ligação, orçada em R$ 500 milhões e prevista para 2015.

O presidente do Comitê da Bacia do Rio Paraíba do Sul, Danilo Vieira Júnior, critica a obra. "O projeto de São Paulo traz diagnóstico e potencial de impacto diferentes do nosso. Eles alegam que o rio tem uma qualidade melhor do que apuramos e uma quantidade de vazão para atender à demanda paulista divergente da disponibilidade hídrica", afirmou Vieira Júnior.

Os dois projetos estão no Plano Diretor de Recursos Hídricos que projeta a demanda por água nos próximos 20 anos em 180 cidades das Regiões Metropolitanas de São Paulo, Campinas, Baixada Santista, Vale do Paraíba e entorno. Será preciso aumentar a oferta em 60 mil litros por segundo, o equivalente a quase dois sistemas Cantareira, conforme o jornal O Estado de S. Paulo antecipou em fevereiro. A região tem 74% da população paulista - 30 milhões de pessoas.

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