PALOCCI: o petista é a nova promessa de delação explosiva na Operação Lava-Jato / (Rodolfo Buhrer/Reuters)
Da Redação
Publicado em 27 de setembro de 2016 às 06h27.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h28.
Às vésperas das eleições municipais, as recentes fases da Operação Lava-Jato têm foco direto no PT. Além da denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, símbolo máximo da legenda, os ex-ministros Guido Mantega e Antonio Palocci foram presos em um espaço de apenas quatro dias. Por ter acelerado o número de ações contra o partido, recheadas de polêmicas processuais, a força-tarefa virou alvo de bombardeio da defesa dos acusados.
José Roberto Batochio, advogado de defesa dos ministros, chamou de “antecipação do show” a declaração do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que deu a entender que ele sabia da prisão de Palocci e de “arbitrária, desumana e desnecessária” a prisão de Mantega, feita na semana passada, quando ele acompanhava a mulher no hospital. Em linhas gerais, petistas e seus defensores aproveitam deslizes para imputar à operação um viés partidário.
Mas cientistas políticos consultados por EXAME Hoje afirmam que as prisões mais recentes, e sua repercussão, devem ter pouco efeito nas urnas. Aqueles que mantém apoio ao PT até agora estão convencidos de que a Lava-Jato tem objetivos espúrios. Quem rejeita a legenda continua apoiando a operação e confia em sua correção.
“Nas eleições municipais, as questões locais são muito mais determinantes. Em São Paulo, a redução das velocidades mínimas nas Marginais Tietê e Pinheiros vêm pautando muito mais os embates entre os candidatos do que a Lava-Jato”, afirma o cientista político Ricardo Ribeiro, analista da MCM Consultores
Seja como for, os episódios recentes podem ampliar o desânimo da militância, o que pesaria contra o partido também nos votos para vereadores. E, no geral, a Lava-Jato já feriu o PT. O partido tinha 1901 candidatos em 2012 e hoje tem 989 postulantes, segundo o Tribunal Superior Eleitoral. Segundo a consultoria Arko Advice, o PT deve terminar o pleito com metade das 700 prefeituras que conquistou em 2012. Com menos poder de fogo local, e seus principais nomes encurralados, o PT deve ter sérias dificuldades também em 2018.