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À espera do STF, Lira segura PEC, pressiona a favor de aliados e Lula adia formação do governo

Presidente eleito só quer definir pastas para partidos após Congresso liberar recursos para o Bolsa Família

Luiz Inacio Lula da Silva, Brazil's president-elect, during a press conference at the Bank of Brazil Cultural Center (CCBB) in Brasilia, Brazil, on Friday, Dec. 9, 2022. Lula picked former Sao Paulo Mayor Fernando Haddad to head Brazil’s economy in a sign his leftist Workers’ Party will have outsize influence in the most crucial decisions of government. Photographer: Andressa Anholete/Bloomberg (Andressa Anholete/Bloomberg)

Luiz Inacio Lula da Silva, Brazil's president-elect, during a press conference at the Bank of Brazil Cultural Center (CCBB) in Brasilia, Brazil, on Friday, Dec. 9, 2022. Lula picked former Sao Paulo Mayor Fernando Haddad to head Brazil’s economy in a sign his leftist Workers’ Party will have outsize influence in the most crucial decisions of government. Photographer: Andressa Anholete/Bloomberg (Andressa Anholete/Bloomberg)

AO

Agência O Globo

Publicado em 15 de dezembro de 2022 às 07h37.

A indefinição sobre a legalidade do Orçamento secreto, cujo julgamento continua nesta quarta-feira no Supremo, levou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a adiar a votação da PEC da Transição, que libera recursos para o aumento do Bolsa Família, e tem impactado também na formação do futuro governo Lula.

Enquanto espera o resultado no Supremo, Lira tem se movimentado para garantir espaços a aliados na próxima gestão. Lula, por sua vez, preferiu empurrar a distribuição de ministérios entre os partidos aliados para depois da aprovação da PEC.

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Na Câmara, petistas e deputados do Centrão admitem reservadamente que Lira só pretende entregar votos à PEC da Transição se houver a garantia de espaço robusto no governo a aliados. O impasse afeta diretamente a formação do ministério, já que Lula quer a garantia de que terá recursos para pagar o Bolsa Família de R$ 600 antes de atender a pleitos de parlamentares.

Segundo O GLOBO apurou, Lira defende, por exemplo, a indicação do deputado Elmar Nascimento (União-BA) no governo, mas como um representante da cota do União Brasil. Nascimento enfrenta resistência por ser um crítico de Lula.

O Centrão não gostaria de perder influência no controle de estatais como a Codevasf, que estará no guarda-chuva do Ministério de Integração Nacional, disputado também pelo MDB. Parlamentares do próprio União Brasil acham difícil que o PT entregue a Lira um ministério estratégico e dono de grande parte da verba do orçamento secreto.

Neste contexto, deputados ligados a Lira afirmam que o parlamentar gostaria de ver também um aliado no Ministério da Saúde, pasta na qual o nome de Nísia Trindade, presidente da Fiocruz, está praticamente sacramentado.

Malu Gaspar: A carta na manga da ala do STF que quer implodir logo o orçamento secreto

Petistas viram na jogada de Lira a estratégia de jogar alto, em um ministério disputado pelo PT, para sair da negociação com uma outra pasta importante, que tenha capilaridade e orçamento robusto.

Frente à postura de Lira, Lula interrompeu o anúncio dos ministérios. Havia expectativa de que após a diplomação, o petista divulgasse mais uma leva de nomes. O próprio presidente eleito afirmou em reunião do PT na semana passada a intenção de divulgar a maioria dos nomes até amanhã.

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Desde segunda-feira, aliados de Lula no Congresso tentam convencer o presidente eleito a não divulgar nomes de ministros antes da votação da PEC para não desagradar deputados e partidos que possam compor a base do governo.

Nesse quebra-cabeça, há reclamação de deputados de que nomes técnicos como Nísia Trindade ou Izolda Cela, governadora do Ceará cotada para a Educação, assumam pastas estratégicas e com grandes orçamentos, sob a justificativa de que não terão habilidade política para negociar com o Congresso.

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