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A empresários, Mourão prega diálogo e pede "confiança"

A participação do vice-presidente em eventos como esses já rendeu críticas de colegas do próprio governo

Mourão: vice-presidente afirma que o bom senso "tem de sobreviver" após crise entre governo e Congresso (Luisa Gonzalez/Reuters)

Mourão: vice-presidente afirma que o bom senso "tem de sobreviver" após crise entre governo e Congresso (Luisa Gonzalez/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de março de 2019 às 08h02.

São Paulo — O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) foi nesta terça-feira, 26, o centro de duas reuniões com representantes das maiores empresas e bancos do país. À tarde, ele discursou para uma plateia de cerca de 700 dirigentes empresariais ligados à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A procura foi tanta que o evento teve de mudar de local. Mais tarde, participou de jantar oferecido pelo próprio presidente da Fiesp, Paulo Skaf, em sua residência, no Morumbi. Mourão enfatizou a necessidade de "diálogo" e de "confiança" no governo, mas ouviu dos empresários cobranças por ações práticas e dúvidas sobre a aprovação de reformas e a retomada de investimentos.

A lista para o jantar incluiu quase 40 nomes entre empresários e executivos, como Flávio Rocha (Riachuelo), Josué Gomes (Coteminas), André Gerdau (Gerdau), David Fefer (Suzano) e João Ometto (São Martinho). Do setor financeiro, estava Luiz Carlos Trabuco (Bradesco). Também participaram o secretário da Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles, e o ex-presidente do STF Nelson Jobim - que ficaram na mesa de Mourão.

A participação de Mourão em eventos com empresários e políticos já rendeu críticas de colegas do próprio governo, que veem nesse tipo de movimento tentativa de assumir um papel de protagonista no governo.

Empresários ouvidos pela reportagem afirmaram que Mourão tentou contemporizar a crise entre o Congresso e o governo. Em resposta, os empresários afirmaram que a maior preocupação é quanto à aprovação da reforma da Previdência, considerada essencial para o equilíbrio das contas públicas. No início do ano, a reforma era dada como certa. Nesta terça-feira, os mais otimistas falavam em uma reforma tímida. Para esses mesmos empresários, a permanência de Paulo Guedes também era uma preocupação, dado o desgaste do ministro da Economia em fazer prevalecer a agenda econômica.

Ao chegar ao jantar - em que foi servido pernil de vitela, filé de abadejo, risoto de mascarpone, ravióli e sorvete e cocada de sobremesa - Flávio Rocha disse que o governo precisa trocar o "chip da campanha" pelo "de governar". "É preciso trocar o chip da campanha, de acirramento, do inimigo comum, para o chip de governar e em torno de um propósito comum, e esse propósito maior é a nova Previdência."

Na Fiesp

No primeiro compromisso do dia, Mourão pregou "diálogo" e pediu "confiança" nos líderes do governo. Depois de ressaltar que sua presença na reunião atendia orientação do presidente Jair Bolsonaro, disse que o bom senso tem de "sobreviver".

"Temos de dialogar com eles (parlamentares) e não fugir ao diálogo. Vai levar pedrada? Vai, faz parte da vida política e todos aqui sabem muito bem que minha experiência política é baixíssima. Mas o bom senso tem de sobreviver nessas horas."

O evento com o vice-presidente seria realizado inicialmente em um auditório no 15.° andar da sede da Fiesp, na Avenida Paulista, com capacidade para 300 pessoas. Como a demanda foi maior que o esperado, o encontro teve de ser transferido para o Teatro do Sesi, no subsolo do prédio, onde cabem 450 pessoas sentadas. Quem não conseguiu entrar, pode acompanhar o discurso por um telão do lado de fora do teatro.

Em uma rápida declaração à imprensa antes da reunião na Fiesp, Mourão disse que é preciso conduzir reformas que interessam ao país e declarou saber das "angústias e dúvidas" que estão sendo levantadas sobre a proposta do governo para a Previdência. Depois do evento, ele não deu mais entrevistas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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