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Dois em cada dez brasileiros não tomariam vacina da covid-19, diz estudo

Os dados são de estudo da Ipsos feito em 15 países. O Brasil foi o segundo país onde a aceitação à vacina contra o coronavírus mais caiu

Vacinação no Rio: 81% dos brasileiros diz que tomaria a vacina se estivesse disponível (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Vacinação no Rio: 81% dos brasileiros diz que tomaria a vacina se estivesse disponível (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

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Carolina Riveira

Publicado em 23 de novembro de 2020 às 12h22.

Última atualização em 23 de novembro de 2020 às 12h47.

Uma vacina contra o coronavírus disponível é o maior desejo de toda a população mundial neste momento. Certo? Nem tanto. Novo estudo da empresa de inteligência de mercado Ipsos com respondentes de 15 países mostra que o percentual de pessoas afirmando que com certeza tomarão a vacina caiu na maior parte dos lugares desde a última sondagem, em agosto.

Apresentados à afirmação "se a vacina da covid-19 estivesse disponível, eu a tomaria", os participantes podiam responder com "concordo fortemente", "concordo parcialmente", "discordo parcialmente" e "discordo fortemente".

No Brasil, 81% dos entrevistados respondeu que planejava tomar a vacina, afirmando que concordavam totalmente (51%) ou parcialmente (30%) com a afirmação. A média mundial é mais baixa, de 73% das pessoas afirmando que tomariam a vacina. 

Ainda assim, o percentual de pessoas que diz que certamente tomaria caiu 13 pontos percentuais desde a última pesquisa Ipsos, em agosto. Juntando quem diz que concorda fortemente e também parcialmente com a afirmação, a queda foi de 7 pontos percentuais. Assim, dois em cada dez brasileiros afirma que possivelmente não tomariam a vacina.

O Brasil foi o segundo país onde a faixa de pessoas desejando tomar a vacina mais caiu desde a última pesquisa, atrás somente da Austrália (queda de 16 pontos).

Apesar da descrença crescente, os brasileiros ainda estão entre os que mais planejam tomar a vacina da covid no mundo, ficando atrás somente de Índia (87% tomaria a vacina), China e Coreia do Sul.

A pesquisa da Ipsos foi feita de forma online entre os dias 8 e 13 de outubro deste ano, com 18.526 entrevistados de 15 países e idade de 16 a 74 anos. A margem de erro para o Brasil é de 3,5 pontos percentuais, segundo o instituto.


"Se uma vacina contra a covid-19 estivesse disponível, você a tomaria?"

Percentual de pessoas que tomaria uma vacina contra a covid-19 em 15 países pesquisados: Brasil foi o segundo país onde a aceitação mais caiu (Ipsos/Reprodução)

Quando perguntados o motivo pelos quais não tomariam a vacina, quase metade (48%) dos brasileiros respondeu que estava preocupado com o avanço muito rápido dos testes. Outros 27% disseram ter preocupação com efeitos colaterais.

Em meio ao esforço global para conter a pandemia, centenas de laboratórios em todo o mundo vêm fazendo testes com diferentes vacinas contra a covid-19. Em parte devido ao trabalho coletivo sem precedentes e em parte devido à necessidade de uma vacinação rápida, os testes têm sido mais rápidos do que o normal, embora, até o momento, os laboratórios não tenham registrado problemas específicos relacionados às vacinas em teste.

Antes de serem aplicadas em massa na população, as vacinas ainda precisarão ser aprovadas por agências regulatórias em todo o mundo, como a Anvisa no Brasil. A Anvisa já afirmou que só aprovará uma vacina quando for segura.

Por fim, dentre os brasileiros, 7% não acreditam que a vacina seria eficaz e 6% diz que é contra vacinas no geral. Outros 7% dizem ainda que o risco de contágio pela covid-19 é baixo.

O governo federal no Brasil tem acordo de compra com a vacina da AstraZeneca/Oxford, que foi testada por aqui e divulgou nesta segunda-feira resultados promissores de eficácia na fase 3, a última de testes. Pelos resultados divulgados hoje, a eficácia média foi de 70%, podendo chegar a 90% -- isto é, de dez vacinados, nove conseguiram desenvolver anticorpos.

O governo de São Paulo também tem acordo com a chinesa Sinovac, que desenvolve a CoronaVac e faz testes junto ao Instituto Butantan. A CoronaVac também teve 97% de eficácia em resultados preliminares na semana passada, porém ainda da fase 2.

Neste domingo, 22, o governo disse que deve assinar carta de intenção com fabricantes de cinco vacinas, incluindo a vacina da Rússia e a da Pfizer, cujos resultados de eficácia da vacina animaram o mundo neste mês. A Sinovac, que tem sido alvo de imbróglio entre o governo federal e o governo de São Paulo, não foi citada.

O Brasil está ainda na aliança global da ONU para compra de vacinas, a Covax, que garantirá acesso a vacinas de outros fabricantes com os quais os países-membros não têm acordo e garantirá doação de vacinas a países mais pobres.

Vacina será obrigatória?

As decisões sobre a obrigatoriedade da vacina ficam a cargo do governo federal. No caso da covid-19, uma lei emergencial sobre a pandemia (lei 13.979 de 2020), de fevereiro e sugerida pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, aponta algumas ações de saúde pública que as autoridades podem tornar obrigatórias para os cidadãos, incluindo obrigá-los a tomar uma possível vacina.

O tema ainda não foi decidido pelo governo federal, mas o presidente Bolsonaro já se pronunciou algumas vezes contra uma obrigatoriedade. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu que Congresso e Executivo construam uma proposta que estabeleça algumas restrições a quem não tomar a vacina -- ainda que ela não seja obrigatória.

No geral, as atuais obrigatoriedades de vacinação no Brasil são referentes às crianças. Para adultos, quem não tem a carteira de vacina atualizada com as vacinas obrigatórias perde possibilidades como a permissão de exercer cargos públicos.

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