Brasil

6 em cada 10 brasileiros das classes C e D acreditam na retomada econômica

Pesquisa Go2Mob/FirstCom feita com mais de 4,5 mil pessoas mostra que 67,6% dos cidadãos estão otimistas com a vida pós-vacina; mais da metade perdeu o emprego no último ano

Pouco mais da metade dos 4,5 mil entrevistados (54,6%) perderam o emprego no último ano (Germano Luders/Exame)

Pouco mais da metade dos 4,5 mil entrevistados (54,6%) perderam o emprego no último ano (Germano Luders/Exame)

KS

Karina Souza

Publicado em 31 de março de 2021 às 10h01.

Última atualização em 31 de março de 2021 às 10h06.

A situação econômica de muitos brasileiros piorou durante a pandemia: a alimentação básica do paulistano teve alta de 29% em um ano e a inflação do aluguel acumula alta de 31%, para citar alguns exemplos. Mesmo assim, brasileiros das classes C e D não perdem o otimismo. Uma pesquisa recente mostra que 67,6% deles acreditam que a economia deve ter forte retomada após o fim da covid-19 no país.

Quer investir na Bolsa mas não sabe como? Confira o curso IniciAção: Primeiros Passos Para Investir na Bolsa, de EXAME Academy..

A conclusão é de um estudo realizado por meio da parceria entre a Go2Mob, empresa que oferece soluções integradas para o setor mobile com foco em mídia, dados, consultoria e pesquisa, e a FirstCom Comunicação, agência de relações públicas. Com questões sobre trabalho, renda, consumo, educação, vacinação e saúde, a pesquisa, feita via SMS, contou com a participação de 4.515 brasileiros dos 26 Estados e do Distrito Federal.

"Nosso estudo demonstrou que o brasileiro é um otimista por natureza. Após mais de 1 ano de pandemia e do início da vacinação, os brasileiros das classes C e D estão esperançosos em conseguir retornar ao mercado de trabalho e muitos decidiram criar um negócio próprio para sobreviver, o que comprova a resiliência do brasileiro frente à maior crise sanitária da história do País", assinala Alexandre Ribeiro, CEO da Go2Mob. 

Apesar dos otimistas formarem maioria, há quem não veja sinais de retomada tão cedo: 26,9% dos entrevistados acham que a economia não vai melhorar nem piorar e 5,5% acreditam que a situação vai piorar. Alguns sinais que podem contribuir para essa visão são o amplo desemprego no setor informal e o ritmo lento de vacinação no país. Em números, a falta de emprego é recorde em 20 estados e apenas 8% da população brasileira foi vacinada até agora, segundo o consórcio de veículos de imprensa. 

Atrelar a retomada econômica à vacinação também é possível ao observar os resultados do estudo. Entre os entrevistados, 68,3% pretendem tomar a vacina contra a doença causada pelo coronavírus assim que estiver disponível.

Home office não é uma realidade

Pouco mais da metade dos 4,5 mil entrevistados (54,6%) perderam o emprego no último ano. Entre eles, 46,9% tiveram acesso ao auxílio emergencial e 48% decidiram empreender ou pensam nisso após o fim da pandemia.

No grupo de quem conseguiu manter o emprego, apenas 17,5% estão trabalhando no sistema home office (e a maioria pretende manter esse formato de trabalho mesmo após o fim da pandemia). 

Para Nilson Pereira, CEO do ManPowerGroup Brasil, ainda não é possível ver com clareza como esse cenário deve se manter com o fim da pandemia. De todo modo, uma “revolução de competências” é inevitável para os profissionais que pretendem buscar ocupações relacionadas ao ambiente digital. 

“A gente precisa de uma economia mais equilibrada para realmente saber o quanto isso vai perdurar. Sabemos que somente 10% das funções no país são elegíveis para home office, a maioria dos trabalhadores ainda está dentro da indústria, nas linhas de produção e em contato com clientes”, afirmou o CEO à EXAME.

Maior circulação, mais chances de contrair a covid-19 = sem aulas presenciais

Com menos de 20% dos entrevistados empregados trabalhando em sistema home office, o índice de contaminados pelo coronavírus -- ou de quem teve algum membro da família infectado -- supera os 30% (31,7%).

Mesmo tendo que sair de casa, os entrevistados, em sua maioria, não apoiam a volta às aulas presenciais. Entre os 4,5 mil entrevistados, 26,1% têm filhos em idade escolar e, destes, 89,1% afirmaram que os filhos ainda não voltaram para a escola. 

Para 31% das famílias, os filhos adolescentes pararam de estudar para trabalhar e ajudar em casa. Apesar do percentual significativo, eles ainda são minoria quando comparados aos que mantiveram o ensino à distância: 67,1% afirmam que os filhos estão estudando em casa e 79,2% disseram que estão conseguindo acompanhar as aulas. 

Ainda assim, a evasão escolar é um fator que terá de ser observado no pós-pandemia. No último ano, um terço dos alunos no país cogitava abandonar a escola diante do avanço da covid-19 no país. Em uma pesquisa com 33.000 jovens, metade ainda poderia desistir de fazer o Enem e 70% teve perda em renda na família.

"O futuro desta, que é a maior geração de jovens da história do país, está seriamente em risco, o que pode impactar drasticamente os rumos da sociedade nas próximas décadas", disse em comunicado apresentando a pesquisa Marcus Barão, vice-presidente do Conselho Nacional da Juventude e coordenador do estudo.

Em relação às aulas presenciais, a decisão dos pais vai ao encontro do aumento de restrições, gerado pela alta de casos de covid-19 em todo o país. Em São Paulo, o prefeito Bruno Covas suspendeu o retorno às aulas, marcado para o dia 12 deste mês. As escolas municipais hoje têm cerca de 1 milhão de alunos, em creches, escolas de educação infantil, fundamental e pouquíssimas de ensino médio. É a maior rede municipal do País. 

Também neste mês, o sindicato dos professores ameaçou decretar greve, se dizendo contra a volta presencial.

Ainda assim, o assunto não é uma unanimidade. Antes dos recordes de mortes por covid-19 registrados neste mês em todo o país, o secretário de educação do estado de São Paulo, Rossieli Soares, era um defensor da volta às aulas presenciais.

Mesmo com todas essas adversidades e discussões, os pesquisadores ressaltam o otimismo dessas classes sociais como um fator positivo a ser levado em conta no pós-pandemia. 

"Este é o segmento da sociedade claramente mais atingido pelo covid. A vacina se mostrou uma esperança para estas pessoas de retomar uma vida normal e superar o grande impacto econômico gerado em 2020", diz Luis Claudio Allan, CEO da FirstCom.

Acompanhe tudo sobre:Desempregoeconomia-brasileiraHome officeVacinas

Mais de Brasil

Lula diz que Marina é 'inteligente' e 'jamais seria contra' pesquisa na Margem Equatorial

Após Gusttavo Lima, partido de Marçal mira candidatura de Wesley Safadão ao Senado no Ceará

Ministra anuncia gratuidade dos 41 medicamentos no Farmácia Popular

Terremoto em São Paulo? Por que 'alerta' da Defesa Civil foi enviado para usuários de Android