O juiz Sergio Moro (Reuters/Reuters)
Valéria Bretas
Publicado em 4 de maio de 2017 às 10h13.
Última atualização em 4 de maio de 2017 às 10h20.
São Paulo – Para 51% do eleitorado brasileiro, a corrupção no país não vai diminuir após o fim da Operação Lava Jato.
De acordo com a pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (4) pelo jornal Folha de S. Paulo, 44% dos entrevistados acreditam que o cenário continuará na mesma proporção e 7% creem que a prática aumentará.
Por outro lado, 45% afirmam que a incidência do crime deve reduzir.
A pesquisa também identificou que entre os mais jovens, a percepção de que a corrupção permanecerá igual é maior: foram 50% dos entrevistados na faixa de 16 a 24 anos. No grupo das pessoas com mais de 60 anos, no entanto, a opinião não é a mesma – apenas 36% dizem que o cenário continuará na mesma proporção.
O grupo dos brasileiros mais ricos é maioria entre os que apostam na hipótese de que a corrupção vai diminuir, chegando a 54% dos entrevistados que recebem mais de R$ 9,4 mil mensais.
O levantamento mostra ainda que 73% do eleitorado acredita que o presidente Michel Temer (PMDB) teve participação direta nos esquemas de corrupção da Lava Jato. A percepção ultrapassa 60% entre homens e mulheres, em todas as faixas etárias, nas cinco regiões do Brasil e em todos os grupos de renda e de escolaridade.
A pesquisa realizada pelo Datafolha ouviu 2.781 pessoas em 172 municípios brasileiros entre os dias 26 e 27 de abril. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Três anos de operação
A maior investigação contra corrupção e lavagem de dinheiro do país, a Operação Lava Jato, completou três anos no dia 17 de março.
Em março de 2014, o juiz federal Sérgio Moro se tornou o responsável por conduzir as investigações contra organizações criminosas. Em abril do mesmo ano, o Ministério Público Federal (MPF) integrou o grupo de trabalho ao oferecer a primeira denúncia envolvendo o imenso esquema criminoso na Petrobras.
De lá para cá, a força-tarefa de Curitiba conseguiu recuperar mais de R$ 10 bilhões aos cofres públicos.
Segundo os procuradores da Lava Jato, ainda há muito a ser feito: “Este país não pode mais ser refém. Temos de acabar com o crime organizado. Precisamos fazer mais. Eu preciso fazer mais. É preciso ir além”, afirmou o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, membro da operação, durante palestra realizada na Câmara Americana de Comércio (Amcham), em São Paulo.