Michel Temer (Ueslei Marcelino/REUTERS/Reuters)
Luiza Calegari
Publicado em 22 de maio de 2017 às 11h09.
Última atualização em 22 de maio de 2017 às 13h00.
São Paulo — Na sua entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, publicada hoje, o presidente Michel Temer afirmou ter aceitado receber o empresário Joesley Batista, à noite e fora da agenda oficial, por achar que ele queria debater a operação Carne Fraca, que só viria a acontecer 10 dias depois do encontro.
O presidente afirmou ao jornal: "Mas veja bem. Ele é um grande empresário. Quando tentou muitas vezes falar comigo, achei que fosse por questão da [Operação] Carne Fraca. Eu disse: 'Venha quando for possível, eu atendo todo mundo'."
No entanto, o encontro entre os dois foi realizado no dia 7 de março, e a operação Carne Fraca só foi deflagrada no dia 17 de março. Na época, o governo disse ter sido tomado de surpresa pela investigação.
Na entrevista, Temer se defende da acusação de que teria dado anuência à compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.
Na entrevista ao jornal, Temer disse que não renunciará. "Eu não vou renunciar. Se quiserem, me derrubem, porque, se eu renuncio, é uma declaração de culpa". A única falha que Temer assumiu, durante a entrevista, foi ser ingênuo ao receber Joesley, a quem classificou como falastrão.
1 – Agenda
Na entrevista, Temer também afirma que ter recebido o empresário fora da agenda oficial não foi ilegal porque "não é da minha postura ao longo do tempo", segundo ele.
O próprio jornal esclareceu que, na verdade, a prática foi, sim, ilegal, de acordo com a lei 12.813/13.
2 – Investigações
O presidente ainda afirmou que não sabia que Joesley Batista estava sendo investigado, quando, àquela altura, o empresário já tinha sido alvo de três operações da Polícia Federal, com ampla divulgação na mídia.
3 – Relação com Rocha Loures
A relação que Temer mantinha com o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures também parece ter variado ao longo da conversa. Num momento, o presidente se refere a ele com carinho, afirmando que ele tem "muito boa índole". Depois recua para dizer que a relação era "institucional", como a que ele manteve com todos os 513 deputados. Em outro momento, diz que era uma "relação institucional de muito apreço até, de muita intimidade".
4 – PSB
O presidente afirmou que o PSB já tinha deixado o governo por ocasião da votação da reforma da Previdência, o que não é correto. O partido não votou com o governo na reforma, mas ainda não tinha afirmado oficialmente que deixaria a base aliada.