Brasil

O que o governo não queria que você visse - mas voltou atrás

De imagens das câmeras da Guarda Civil até dados dos presídios de São Paulo: veja os dados que, a princípio, seriam mantidos em sigilo por mais de 1 década


	Governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o Prefeito Fernando Haddad (PT) em evento em São Paulo
 (Eduardo Saraiva/A2img)

Governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o Prefeito Fernando Haddad (PT) em evento em São Paulo (Eduardo Saraiva/A2img)

Valéria Bretas

Valéria Bretas

Publicado em 16 de outubro de 2015 às 17h33.

São Paulo – Na manhã desta sexta-feira, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin voltou atrás nas decisões que determinavam o sigilo de dados públicos. Segundo a determinação, nenhuma estatal ou órgão público do estado pode restringir o acesso aos seus dados.

A decisão ocorre em meio à uma série de casos polêmicos de veto à obtenção de informações públicas protagonizadas pelo governo do estado e pela Prefeitura de São Paulo. Em todos os casos, os governos municipal e estadual revogaram as medidas.

Em vigor desde 2012, a Lei de Acesso à Informação (LAI) permite que pessoas físicas e jurídicas acessem informações públicas. As imposições de sigilo em alguns dados deveriam ser exceção.

Veja abaixo mais detalhes sobre cada caso: 

Guarda Civil

O decreto da prefeitura de São Paulo, publicado em maio deste ano no Diário Oficial, tornou inacessível por 5 anos documentos e imagens registradas por câmeras da Guarda Civil da cidade. Quem trouxe o problema à tona foi o jornal Folha de S. Paulo ao tentar obter registros da Cracolândia. Segundo o veículo, imagens que poderiam ajudar a localizar uma família desparecida, por exemplo, não serão disponibilizadas. 

De acordo com o jornal, a prefeitura alega que esse tipo de acesso viola os princípios da individualidade. 

Em nota enviada a  EXAME.com, a prefeitura afirma que o prefeito Fernando Haddad suspenderá a decisão anunciada anteriormente. 

Presídios

Nesta quinta-feira (15), também foi revelado que o governo de São Paulo chegou a vetar, por até 100 anos, os documentos Administração Penitenciária do estado que incluem tabelas, ligações telefônicas e informações sigilosas e pessoais.

Ou seja, estão bloqueados os informes de todo o sistema de controle de movimentação dentro dos presídios de SP, as ações da Secretaria no combate de facções criminosas, assim como os dados de internação.

Com o decreto assinado por Alckmin, a medida deixa de valer. 

Polícia Militar

Nesta semana também veio à tona o episódio de um novo carimbo. Por 15 anos, 87 documentos referentes a 26 assuntos da Polícia Militar de São Paulo ficarão restritos. A tabela de restrições foi publicada em dezembro de 2013.

Com a medida, fica impossível saber quais são os bairros em que há maior incidências e registro de crimes, por exemplo.

Há também o veto do currículo de educação profissional dos policiais. 

Com o decreto assinado por Alckmin, a medida deixa de valer. 

Sabesp

No dia 30 de maio de 2015, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) vetou por 15 anos, a consulta de documentos da rede de água e esgoto e todo o Cadastro Técnico e Operacional da companhia.

caso foi revelado por um portal de notícias no dia 13 de outubro logo após terem negado o pedido com a lista dos 626 locais “prioritários” da Grande São Paulo que não ficariam sem água em caso de um racionamento.

Na ocasião, a Sabesp informou que "a divulgação da localização de cada ponto, assim como da localização dos equipamentos, instalações e infraestrutura operacionais, podem implicar em possíveis usos inadequados, manipulação e dano num sistema que funciona de forma integrada, não podendo prescindir da segurança de qualquer de seus componentes".

Com o decreto assinado por Alckmin, a medida deixa de valer. 

Transporte púbico 

No início deste mês, o jornal Folha de S. Paulo revelou que, desde 2014, cerca de 160 arquivos sobre o Metrô, CPTM e os ônibus intermunicipais da capital tornaram-se ultrassigilosos.

Isso impediria que, por 25 anos, os paulistas tivessem respostas sobre os atrasos das obras de novas linhas, já que nos documentos podem haver estudos, relatórios de obras e boletins de ocorrência.

No mesmo dia em que o caso foi divulgado, Alckmin afirmou que iria reavaliar a decisão. 

*Atualizado às 15h38 para inclusão da nota oficial da Prefeitura de São Paulo e atualização das informações. 

Acompanhe tudo sobre:CPTMEmpresasEmpresas estataisEstatais brasileirasFernando HaddadGeraldo AlckminGovernadoresMetrô de São Paulomobilidade-urbanaPolícia MilitarPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPrefeitosTransporte públicotransportes-no-brasil

Mais de Brasil

Haddad se reúne com cúpula do Congresso e sinaliza pacote fiscal de R$ 25 bi a R$ 30 bi em 2025

Casos respiratórios graves apresentam alta no Rio e mais 9 estados

Enem 2024: prazo para pedir reaplicação de provas termina hoje