Comportamento de consumo no e-commerce: quase 60% dos pedidos se concentraram em cinco grandes categorias (iStockphoto)
Da Redação
Publicado em 3 de dezembro de 2015 às 17h23.
A reta final de novembro foi de euforia para o e-commerce brasileiro. Nos últimos cinco dias do mês, período da megapromoção Black Friday, o faturamento do comércio eletrônico foi superior a 3 bilhões de reais, 44% mais que em 2014. Os dados são da E-bit, empresa que compila dados do e-commerce no país.
Na sexta-feira, dia 27, principal data da ação de marketing, as vendas chegaram a 1,6 bilhão de reais, 38% acima do ano anterior. Só nesse dia, foram mais de 2,7 milhões de pedidos. Quer saber os itens mais vendidos? Eletrodomésticos (17,2%); telefonia e celulares (16,6%); eletrônicos (9,2%); moda e acessórios (9,1%); e artigos de informática (9%).
De acordo com Pedro Guasti, cofundador da E-bit, a predominância de itens mais caros no topo da lista tem uma explicação. “A Black Friday já se tornou tradicional, e o consumidor tende a esperar por esse período para comprar artigos de alto valor”, afirma Guasti.
Para empreendedores com a intenção de abrir uma loja online, porém, o ideal é estudar as categorias mais vendidas em um período maior. “A promoção dá uma ideia dos produtos com grande demanda, mas o e-commerce brasileiro é um mercado muito mais vasto”, diz Guasti.
Veja, a seguir, quais foram as cinco categorias com maior volume de vendas no primeiro semestre de 2015, segundo a E-bit. Elas respondem por quase 60% do total de 49,4 milhões de pedidos realizados no período – e representam boas oportunidades para quem quer fazer sucesso no e-commerce.
1. Moda e acessórios
Artigos de moda e acessórios foram os campeões de vendas nos primeiros seis meses deste ano, respondendo por 15% do total de pedidos. Em mercados mais maduros, como os Estados Unidos, roupas tradicionalmente movimentam um grande volume de vendas. No Brasil, a categoria ganhou a dianteira em 2013.
Uma explicação para isso foi a entrada no e-commerce de grandes varejistas tradicionais, como Renner, Marisa, Hering e C&A. “O fato de essas marcas já serem reconhecidas pelos consumidores fortaleceu as vendas online na categoria”, diz Pedro Guasti.
As oportunidades mais quentes são ligadas à moda feminina. Segundo dados do Google, hoje 58% dos consumidores de moda no Brasil são mulheres. A maioria (63%) tem entre 25 e 44 anos, e 36% compram a cada dois meses.
Mais recentemente, novas tendências têm se destacado no e-commerce de moda. É o caso das lojas online que alugam vestidos e bolsas de grife por tempo determinado ou das que mandam uma certa quantidade de roupas para o consumidor provar em casa e devolver só o que não for comprar.
Os sapatos femininos são os campeões de vendas da categoria. Na sequência, aparecem tênis, vestidos e sandálias femininas.
2. Eletrodomésticos
De 2010 a 2012, eletrodomésticos estiveram no topo da lista das categorias com maior volume de vendas. Desde 2013, ocupam a segunda posição. No primeiro semestre, eles representaram 13% dos pedidos.
Segundo Rafael Jakubowski, diretor da Sanders, agência especializada em estratégia digital, essa importância se deve a uma característica do comprador online brasileiro. “O consumidor típico tem mais de 40 anos e é acostumado a fazer pesquisa de preços online mesmo quando pretende comprar numa loja física”, diz ele. “Como as condições de preço e parcelamento das lojas virtuais são bem agressivas, muitos acabam optando pela compra online.”
A categoria inclui geladeiras, fogões, máquinas de lavar, ventiladores, aquecedores, liquidificadores, entre outros itens.
Por serem mais caros, os eletrodomésticos lideram o ranking de faturamento, responsável por um quarto do volume financeiro apurado no primeiro semestre do ano.
3. Telefonia e celulares
A categoria telefonia e celulares foi a que mais cresceu em participação no número de pedidos nos primeiros seis meses de 2015. Responsáveis por 11% do total de transações, esses produtos registraram 54% mais pedidos em relação ao mesmo período de 2014.
O crescimento chama a atenção especialmente porque, de acordo com dados da consultoria IDC Brasil, a venda de celulares em geral registrou queda de 23% nos primeiros nove meses de 2015, na comparação com 2014.
De acordo com Guasti, a explicação para isso é a mesma que move a venda de eletrodomésticos – o preço. Segundo ele, estimativas internacionais apontam que o e-commerce oferece produtos até 10% mais baratos que nas lojas do varejo tradicional.
Atualmente, a E-bit conduz uma pesquisa em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) para aferir essa relação no Brasil. “Nossa hipótese é que a diferença seja equivalente ou até maior que 10%”, diz Guasti.
No ranking do faturamento, telefonia e celulares são a segunda maior categoria, com 18% do total.
4. Cosméticos, perfumaria, cuidados pessoais e saúde
Itens de higiene, beleza e saúde formam a quarta categoria mais representativa em número de pedidos no Brasil, com 11% do total no primeiro semestre.
Embora tenha caído duas posições em relação a 2014, esse grupo ainda apresenta muitas oportunidades para quem quer abrir uma loja virtual.
Um exemplo é o mercado de beleza para homens. Segundo a consultoria inglesa Mintel, 33% dos homens brasileiros dizem que comprariam produtos específicos para eles.
Outro mercado promissor é o de produtos feitos com matéria-prima orgânica, um tipo de cosmético mais difícil de ser encontrado em supermercados e farmácias e que tem consumidores fiéis, como pessoas com algum tipo de alergia.
Para Daniel Cardoso, diretor da Universidade Buscapé, que desenvolve cursos para profissionais do e-commerce, explorar nichos de mercado é uma boa estratégia para quem está começando. “Mercados específicos podem ser pequenos demais para grandes lojas online, mas são ideais para iniciar uma operação sem um grande capital de giro”, diz Cardoso.
5. Livros e assinaturas de revistas
Em 2010, pela primeira vez desde que a E-bit passou a mapear o e-commerce brasileiro, há dez anos, a categoria de livros e revistas foi ultrapassada pela de eletrodomésticos. No primeiro semestre, 8% dos pedidos foram livros e assinaturas.
De acordo com Guasti, por serem itens de fácil entendimento, livros, revistas, CDs e DVDs caíram no gosto do consumidor que costuma comprar online. “Muitos lojistas fortes no canal offline utilizam o e-commerce como uma maneira de melhorar a gestão do estoque, uma vez que promoções são facilmente divulgadas na internet”, diz Pedro Guasti.
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