4 heranças que a Olimpíada 2016 pode deixar para o Brasil
Se já dá para respirar quanto a entrega das obras no prazo, o que se discute agora é qual será o legado deixado pelos Jogos depois que a tocha for apagada
Parque Olímpico - Centro de Tênis em novembro de 2015 (Renato Sette Câmara/Prefeitura do Rio)
Rita Azevedo
Publicado em 24 de novembro de 2015 às 15h14.
Rio de Janeiro – Daqui a 255 dias, o Rio de Janeiro será palco de um dos maiores eventos esportivos mundiais. A expectativa é de que 300 mil turistas desembarquem na cidade para acompanhar os 17 dias de competições das Olimpíadas 2016.
Hoje a capital carioca se vê transformada em um enorme canteiro de obras, com a construção de uma nova linha do metrô, a finalização dos estádios e arenas olímpicas e outras obras de infraestrutura. Se já dá para respirar quanto a entrega das obras no prazo, o que se discute agora é qual será o legado deixado pelos Jogos depois que a tocha for apagada.
Esse desafio foi tema do EXAME Fórum Olimpíada, realizado nesta terça-feira no Rio de Janeiro. Veja quais serão as principais heranças que os Jogos Olímpicos deixarão para o Rio e para o Brasil, segundo os participantes:
A Cidade Maravilhosa com mais infraestrutura
Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, contou que, assim que a cidade foi escolhida como sede, ele decidiu visitar outras anfitriãs para ver o que poderia dar certo em terras brasileiras.
“Em uma conversa com o prefeito de Barcelona, ele me disse que eu tinha duas opções: ou os jogos usariam a cidade ou a cidade usaria os jogos para crescer”, disse. “Desde então, começamos a pensar a Olimpíada como uma justificativa para os investimentos que a cidade precisava”, disse Paes.
Prefeito do Rio, Eduardo Paes, durante EXAME Fórum em 24/11/2015 (Rosane Bekierman)
Em 2009, de acordo com a prefeitura, os sistemas de transporte de alta capacidade carregavam 18% da população do Rio. Em 2017, a expectativa é que 67% da população seja transportada, com a construção de novas linhas de BRT e do metrô carioca. Outros problemas que devem ser atenuados são as enchentes e parte do trânsito, com a ampliação de algumas vias.
Se os esforços são visíveis a cada volta que se dá na cidade, o grande temor é que eles se limitem apenas ao período pré-Jogos. “Não podemos esquecer que a cidade carrega uma dívida histórica em questões de infraestrutura”, disse Vinicius Netto, arquiteto e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF). “A minha preocupação é que a atenção seja dispersa em várias frentes antes que o básico seja resolvido. É algo que precisa ter continuidade”.
A promessa de menos elefantes brancos
Reaproveitar os espaços construídos para as competições é uma daquelas dores de cabeça comuns a qualquer cidade que abrigue um evento do porte dos jogos. Dado inclusive o histórico brasileiro, não é de se espantar que algumas instalações acabem se deteriorando com o tempo.
No Rio, a promessa é que pelo menos algumas delas ganhem um novo uso, como ginásios e escolas – e, no caso de duas instalações, até novos endereços.
De acordo com o projeto, a Arena do Futuro e o Estádio Aquático serão desmontados como peças de blocos de montar para dar origem a escolas e dois parques aquáticos em outras áreas da cidade.
As PPPs como um modelo a ser seguido
Boa parte dos 38,67 bilhões de reais gastos nos Jogos Olímpicos não sairá de cofres públicos, mas do caixa de empresas. No caso das obras de legado, por exemplo, 57% do orçamento é privado. “Parafraseando o ex-presidente Lula, nunca antes na história das olimpíadas tivemos tanto dinheiro privado”, disse Eduardo Paes.
Para Thomaz Assumpção, presidente da consultoria Urban Systems e José Carlos Pinto, sócio-líder da consultoria Ernst & Young no Rio de Janeiro, apesar de não ser inédito, a utilização de parcerias público-privadas, as chamadas PPPs, serão uma boa forma de despertar no país a necessidade da união com o setor privado para o maior desenvolvimento.
“É claro que se fosse pra buscar uma parceria dessas nos dias de hoje, com um ambiente macroeconômico instável, elas poderiam não sair do papel, mas é preciso um esforço do governo para garantir aos investidores que haverá fontes de recurso, segurança jurídica e a taxa de retorno de investimento”, disse Pinto.
“O governo tem hoje uma ingerência sobre as PPPs, mas o papel dele deve ser o de facilitar o desenvolvimento”, disse Assumpção.
A venda da marca Brasil e o turismo impulsionado
“Somos muito ruins em cacarejar o ovo que a gente põe”. Foi com essa frase que Nizan Guanaes, sócio fundador do Grupo ABC definiu a dificuldade brasileira de vender a marca do país. “Temos uma vocação óbvia que não é utilizada”, disse. “É preciso vender a imagem do país. Se temos a cidade mais bonita do mundo porque ela não é vendida? Temos crise, mas continua tendo um monte de coisa incrível”.
Deixar qualquer turista com brilho nos olhos só de ouvir o nome Brasil é o grande desafio enfrentado atualmente por Henrique Alves, ministro do Turismo. “A Copa teve uma alta aprovação, mas faltou um legado para o país”, disse Alves.
Prefeito do Rio, Eduardo Paes, durante EXAME Fórum em 24/11/2015 (Rosane Bekierman)
Uma das apostas do ministro para impulsionar a vinda dos estrangeiros é a aprovação de um projeto que acaba com a necessidade de visto de entrada por um prazo de 90 dias. A proposta recebeu diversas críticas após os atentados ocorridos há 15 dias em Paris, na França.
“Não acho que essa isenção vai alterar o que planejamos para a segurança”, rebateu Alves. “Como diria a música, chega de espera, a hora é de fazer acontecer”.
1. Empresas que investem para as Olimpíadaszoom_out_map
1/18(Reprodução)
São Paulo – Daqui pouco menos de um ano, o Rio de Janeiro vai sediar os jogos olímpicos de 2016, e muitas empresas querem aproveitar a oportunidade para melhorar seu faturamento. E você? Está preparado para faturar nas Olimpíadas? Navegue pelas fotos acima e veja como 16 empresas pretendem ganhar dinheiro com o evento.
A Arranjos Express é uma rede de franquias europeia especializada na customização de roupas. A marca tem duas lojas no Rio e mais duas para abertura nos próximos dois meses. Como está investindo para as Olimpíadas: A intenção da rede é atender o público do turismo, que aproveitará a baixa do dólar para comprar roupas, ajustar o que for necessário e customizar. Para isso, a marca vai investir na divulgação da loja em shoppings e nas redes sociais. Para o franqueado: O investimento inicial para a franquia é de 103 mil a 170 mil reais (sem o aluguel do espaço). O prazo de retorno do investimento é de 12 meses.
A Boneleska é uma empresa voltada a produção de bonés, chapéus e gorros. Como está investindo para as Olimpíadas: A empresa tem o licenciamento para produzir os bonés dos jogos. Com isso, aumentou o número de funcionários em 20%, e investiu em estoque, estrutura física, equipamentos, maquinários e treinamento da equipe.
A Creps é uma rede de franquias que vendes crepes doces e salgados, com recheio escolhido pelo cliente. Como está investindo para as Olimpíadas: A rede pretende fazer uma promoção nacional em todos os pontos de vendas reacionados às Olimpíadas. Com isso, a expectativa é aumentar o faturamento nesses pontos, em especial no Rio de Janeiro. Para o franqueado: O investimento inicial para abrir uma franquia da marca é de 120 mil a 450 mil reais. O prazo de retorno é de 12 a 24 meses.
A rede atua no segmento de alimentação, com venda de espetos de churrasco. Como está investindo para as Olimpíadas: A rede criou um modelo de franquia mais barato (o modelo Express), para garantir sua expansão na região Sudeste do país para os jogos olímpicos. Além disso, Para o franqueado: O investimento inicial para uma unidade é de 185 mil reais (no modelo Express). O prazo de retorno é de 24 a 26 meses.
A empresa é focada em moda praia, com biquinis, maiôs, sungas etc. Como está investindo para as Olimpíadas: A empresa ganhou a concorrência para a moda praia de produtos licenciados dos Jogos Rio 2016. Com isso, houve uma reestruturação de sua linha de produção, além investimentos em parcerias para produção de peças com tecido com tecnologia UV50+ e ainda o primeiro tecido biodegradável do mundo. A expectativa é de um crescimento de 40% nas vendas.
A Liga Retrô é uma rede de franquias que vende réplicas de camisas antigas e acessórios de futebol e outros esportes, como vôlei, basquete, rugby e automobilismo. Como está investindo para as Olimpíadas: A rede está investindo 250 mil reais em uma linha de camisas de rugby, esporte que volta a ser olímpico em 2016 depois de 80 anos fora da competição. A marca também vai lançar itens para outras modalidades esportivas. A expectativa é de movimento igual ou superior ao da Copa do Mundo, quando a marca viveu um “Natal fora de época”. Para o franqueado: O investimento inicial para abrir uma franquia da marca é de 93 mil a 200 mil reais. O prazo de retorno é de 12 a 24 meses.
Rede de franquia especializada em serviços de limpeza, conservação e cuidados domésticos. Como está investindo para as Olimpíadas: A rede afirma que, com a proximidade dos jogos, está direcionando sua expansão para o Rio de Janeiro. Hoje, o estado representa 21% das unidades franqueadas (são 23 unidades no estado). Uma estratégia adotada pela unidade é a de fechar parcerias com empresas de locação de imóveis, para fazer a arrumação e limpeza de casas e apartamentos que serão locados para a temporada gerada pelo evento. Além disso, a emrpesa espera um aumento na demanda para outros serviços como motoristas e babás. Para o franqueado: O investimento inicial para abrir uma unidade é de 58 mil reais, e o prazo de retorno é de 12 a 14 meses.
A Minds English School é uma rede de franquias especializada em idiomas. Como está investindo para as Olimpíadas: A rede aposta em cursos rápidos, para que os alunos aprendam inglês básico até o início dos jogos. Com isso a expectativa é de crescimento em 2015. Para o franqueado: O investimento inicial para uma unidade da rede é de 200 mil a 250 mil reais. O prazo de retorno do investimento é de 24 meses.
É um aplicativo para pagamentos via celular. A ideia é facilitar a vida tanto de consumidores, que podem efetuar transações via celular, quanto de profissionais autônomos e estabelecimentos na hora de receber. Como está investindo para as Olimpíadas: A empresa está traduzindo o aplicativo para diversos idiomas, além de aumentar o número de representantes na região do Rio de Janeiro. Outra aposta é oferecer descontos para os usuários que forem a salões de beleza da região durante o período dos jogos. A expectativa é conseguir divulgar o aplicativo durante os jogos, com a intenção de expandir a operação posteriormente.
A Poltrona1 é uma franquia de agências de viagens. Como está investindo para as Olimpíadas: A rede afirma que está preparando seus franqueados para receber um volume maior de turistas no período. Diz também que está preparando pacotes de viagens próprios, para não depender de terceiros no atendimento. A expectativa é conseguir mais clientes com os jogos. Para o franqueado: O investimento inicial para uma unidade da Poltrona1 é de 9,8 mil reais. O prazo de retorno do investimento é de 12 meses.
A Posterscope Brasil é uma agência especializada em mídia out of home, com anúncios em pontos externos, como outdoors e pontos de ônibus. Como está investindo para as Olimpíadas: A agência foi designada com exclusividade pelo Comitê Organizador Local dos Jogos Olímpicos Rio 2016 para a operação deste tipo de mídia antes e durante o evento.
A Pousadinha é uma plataforma de reservas online, especializada em pousadas. Como está investindo para as Olimpíadas: A expectativa da startup é aproveitar a demanda de turistas que queiram estender a viagem para os arredores do Rio de Janeiro. A empresa tem parceiros principalmente em Minas Gerais e no sul da Bahia. Para isso, a empresa vai investir em marketing digital voltado aos estrangeiros.
O Sementi é um restaurante de alimentação saudável, localizado no centro do Rio. Como está investindo para as Olimpíadas: O restaurante aposta na maior procura por alimentos saudáveis no período dos jogos. Com isso, está adaptando cardápios para o inglês e treinando sua equipe para atender os visitantes.
A Sestini comercializa produtos escolares como mochilas, lancheiras, estojos e mochilas com carrinhos. Como está investindo para as Olimpíadas: A empresa está apostando alto em produtos licenciados para os jogos olímpicos, especialmente com os mascotes do evento. A expectativa é de um aumento de 10% nas vendas.
A Social Boats é uma plataforma online de aluguel de barcos. Como está investindo para as Olimpíadas: A empresa pretende triplicar seus investimentos em mídias digitais a partir de 15 dias antes das Olimpíadas. O Rio de Janeiro concentra a maior parte de sua demanda e com isso a empresa espera um crescimento dos aluguéis de barcos em até cinco vezes.
A rede de franquias oferece serviços de beleza, no segmento de cabeleireiro, manicure e depilação. Como está investindo para as Olimpíadas: A rede investe para que suas colaboradoreas possam oferecer atendimento bilíngue aos turistas que vierem para os jogos. Está ainda desenvolvendo um penteado exclusivo para ser utilizado durante os jogos olímpicos. A expectativa é aumentar o número de unidades por conta dos jogos e conquistar clientes estrangeiros. Para o franqueado: O investimento inicial para abrir uma unidade é de a partir de 146 mil reais. O prazo de retorno é de 18 a 24 meses.
18. Agora veja como algumas empresas estão crescendo até na crisezoom_out_map
Rafael Cagnin afirma que a sinalização de reversão da política monetária pode afetar o setor. À Exame, o especialista também avaliou a Nova Indústria Brasil