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Gilson Garrett Jr
Publicado em 9 de fevereiro de 2021 às 12h33.
Última atualização em 9 de fevereiro de 2021 às 22h07.
A pandemia de covid-19 vai adiar para o segundo semestre de 2021 o sonho de 38% dos estudantes de ter um diploma universitário. Para 13%, a espera vai demorar mais, um ano. E para 24% ainda não está claro quando será possível entrar em uma universidade.
Os números fazem parte do Observatório da Educação Superior: análise dos desafios para 2021 – 1ª edição. O levantamento, publicado nesta terça-feira, 9, foi realizado pela empresa de pesquisas educacionais Educa Insights em parceria com a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES).
A pesquisa é uma continuidade de outros estudos feitos pela entidade, sobre os desafios do ensino superior no Brasil em meio ao coronavírus. Foram consultadas 1.024 pessoas, de 17 a 50 anos, que desejam ingressar em cursos de graduação presenciais e EAD ao longo dos próximos 18 meses, em todas as regiões brasileiras.
Segundo Sólon Caldas, diretor-executivo da ABMES, e a principal leitura que se faz da pesquisa é que muitas pessoas estão com medo de que aulas presenciais aumentem os riscos de contaminação do coronavírus. Outro ponto é a renda que foi comprometida em 2020, e agora com o fim do auxílio emergencial.
“Até o ano passado tínhamos uma situação que achávamos ia se resolver Agora estamos em um momento crítico. A situação econômica que já era ruim, piorou muito. Tivemos um aumento no número de desempregados, queda da renda, e o aumento de pessoas que não podem arcar com um investimento em educação”, explica.
No primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado no dia 17 de janeiro, 50% dos inscritos não compareceram à prova, um recorde histórico. Na primeira edição da versão digital da prova, realizada no último domingo, 7, a abstenção chegou a 70%. Por mais que a prova fosse online, os candidatos precisavam se dirigir até um local do exame.
O levantamento da Educa Insights e da ABMES questionou o motivo pelo qual os estudantes optaram por não fazer a prova. E para 61%, o risco de se contaminar com a covid-19 foi o que levou os candidatos a não fazerem o Enem.
Na avaliação do Sólon Caldas, o adiamento do Enem e o não comparecimento recorde impactam tanto o setor público quanto o privado de ensino.
“O Enem é a principal porta de entrada para ensino público, mas também para programas como o Prouni e o Fies. O resultado só vai sair no dia 19 de março. As instituições precisam rever o planejamento para atrair esses alunos, oferecer desconto, bolsa, para ter um ambiente mais atrativo”, diz.